quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Tudo de ensaio



Sabes que há momentos
como quartos de vento contagem
de uma folhagem seca que estala
dirigível que paira, que se descai
como o corpo se aperta de ensaio
encarando o lado contrário, vem
sentar-te a meu lado nessa ponte
onde os braços se ligam cidades
e os olhos se entendem ângulos
sem fidelidade a uma real pasta
corpo objecto, que importa isso?
vem, nesse cubismo cezannista
de volumetrias duras e sem riso
que a fronteira nos afasta de nós
seres analíticos de coração sem
voz.
Mas tu sabes que há momentos
nem bem dentro nem bem fora
que por vontade maior, colidir
só para saber a que sabe existir
Aurora. Se a luz nos penetrasse
agora. E nos projectasse milhar
melhor miopia misantropia, ia!
cada pedaço por aí, semeando
o que afinal se odeia por dentro
Talvez fosse mais fácil, talvez
tudo cais onde se chega início
onde se começa sem premissa
que permita uma brisa alcance
sem nome, como quartos sem
todo.
Mas tu sabes.
Que saberá, ainda assim,
sempre a pouco.








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