terça-feira, 21 de julho de 2015

rebuscar o sentido


Dez anos para chegar a Plutão
o redondo perfeito do traseiro
bíblico o fim do vocábulo
ao fulcro do conhecimento espinhos
quando ao chegar já nós sabemos
que antes mesmo de partir
já o tempo nos havia matado.
E a pantera que nos aloja o coração
tal cratera sedenta de forma e fusão
é estátua de Apolo madrepérola
Brada aos céus a vitória da maçã
o delicioso prelúdio toca e foge
camas de grades e alcatifas
Te recordas do primeiro trincar da língua?
tanques de sangue onde nos baloiçam
o fazer da pontaria devagar
tudo há-de ser encruzilhada
enquanto o olho não se entender por dentro
Mas o fruto maduro vai caindo ao chão
essa estrada anacrónica
vai tomando proporção
e ecoando o som dos ponteiros
fitar, cacarejar, latir
a atmosfera gotejando morfina
de punições primitivas a queda.
E subir o estrado
dos nossos nomes próprios
no executar de uma ária
na lavoura de um chão
no engomar de uma camisa
no chocalhar de uma cabra
para paredes à prova de som
de tijoleira ou mármore
para crianças em Plutão
em planícies de solidão.

Dez anos para chegar a Plutão
e uma vida à conclusão. ..



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