sexta-feira, 1 de abril de 2016
o lugar da poesia
os grandes olhos mortais
duas almas sem par
dos mistérios arredados de um lugar habitado
a palidez das imagens reflectidas
convertidas do tempo em pó
do lugar dos dias vulgares
pousando na perplexidade de um tecido brando
fragmento de vida tangível
retida em todas as tardes inesgotáveis
que as mãos suando de coisas inefáveis
apalpavam o mistério receptáculo do sonho
a hora insólita da poesia
aproxima o exercício do encontro interior
há um mundo obscuro no coração de cada segredo
na infinita longivez de cada luta
sempre virgem inquieta
o ritmo interior das coisas antiquíssimas
deve permanecer inacessível
qual o sustentáculo de toda esta ruína
meu coração é uma criatura extenuada
ávida de esgotar a sua própria sede
o que se acredita é pedra bruta
e em todo o acto de continuar a lapidação
a presença constante de um amor-deus
porque te persegue a mutilação de ser livre
o magnetismo do sangue percorrendo o corpo
contornando as chagas do sofrimento
para embalar um momento de cristal
frágil é a felicidade
quando ao vento atiramos cada chance
e nós sepultos em todos os cantos do mundo
em todos os atalhos nos cruzamos
como reflexos espantalhos espelhos
o mistério da morte revelado na carne mortal
contemplamos estátuas em cidades de pedra
donde desaparece uma memória
dissolver-me-ei nas noites húmidas sem luar
a alma cinética não querendo levitar
corre o tempo na monotonia das estrelas
a hora irremediável dos dons da terra
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