quarta-feira, 24 de junho de 2015
morir de pé
levar o pão à boca
o homem que conhece o seu assassino
para ter os miolos em forma
fiz de mim lugar-atinente
porque há que ter os nervos bem domados
de amor e ora ora
a vida se enamora
atónico um sorriso de gaiato
a tiro uma pistola de alarme
ao serviço da pátria infância
vaiando-me memórias amarfanhadas nos bolsos
e do serão batalha naval e às vezes de casal
saltam os botões do tal canal
o sol aos quadradinhos preguiça
a minha mãe estendendo roupa no estendal
minha irmã vestindo bonecas de avental
meu pai fumando cigarros à janela
de fortes consoladoras persianas
quartos que dão para marquises.
furtivos pingos de lágrima
escondidos
corações ao alto
do silêncio dos hoje asilados
Ao poente da nossa vida.
desmaiadas aquelas coisas
dragões da velha china, de baque surdo
noctívagos de ar livre, findar desse buzinar
dos fantasmas que nos levam o sono
porque o farolim tem olho míope
do desequilíbrio de zonas móveis
o herói do dia aquele que se revolta
não contra a força atómica e sim contra a gelatina
São os votos volvidos
de toda uma passagem de ida sem volta
aos primeiros degraus, vulto ainda rasteiro
depois, lívido de circulação, transbordo rugoso.
Mas aquela pureza de fé. Aquele querer ainda estar de pé.
do despertar da cogitação arrastada
talvez medicação ou degradação celular
do embaciar dos vidros
o latido
de quem ainda levanta cabelo
por um cabelo no prato de cozido.
A cancela do pensamento
a côdea do coração desbotado
aos dias de agora que se demora
ter a mão no corrimão
como honra absoluta
de se travessar sozinho
essa última luta
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