sábado, 27 de junho de 2015

Terra liberta



o tilintar dos ferros gritos libertos
-ardem civilizações ao horizonte

o sensível limbo das colinas da escuridão
gestos  frios que se apagam
há nesta solidão agora uma serenidade absoluta
de se deitar na terra húmida
sentindo nas palmas a cadência
do coração do mundo

nada disto se pode ver com os olhos
que os olhos nada podem sentir
os vultos que se soltam do negativo
são indígenas que coabitam com o íntimo

se o espírito fosse a fala
a alma seria o corpo
e o corpo afinal apenas matéria

e dançam enfim livres
de mãos dadas felizes
os corpos celestes agora cadentes

o chão deixou de massacrar o osso
abrindo-se céus para a viagem
para além da gravidade

a penitência pelos pecados do mundo
cinzas espalhadas pelos cantos do universo
de sermos todos um
em lugar nenhum

(lectio spiritualis)





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