terça-feira, 1 de dezembro de 2015
Dó maior
poema-diapasão vs. versos livres
braços erguidos sem cabeça
girando, dançando, mirabolantes
espirais de repetição cósmica
cabeça solta sem braços raízes
saltando, procurando, segmentando
lâminas de sonho e fragmentos
sem cabeça nem braços...ideia
um cabaz de sensações químicas
introduzidas por sonda lambda
a parte imortal do ser humano, mecânica
que fica das cinzas do corpo?
os músculos dorsais em atrofio
quando nenhuma asa rasga a pele
contemplar sem boleia o espaço breve
há um sistema que funciona entre a gente
metamorfoses de céus rústicos sem deuses
diz que somos feitos de essências carbónicas
e que as emoções são elementos
que podemos compreender na alquimia do peito
sou um pedaço de carne e osso
lançado às mandíbulas do universo
por isso sou estatisticamente na maior parte do tempo
um poema monómetro
que o vácuo também diz tanto
diz cada vez mais do que de nós tem sobrado
somos estética, dinamite ou consciência
que só existe no imaginário de um instrumento
para uma dimensão intergaláctica de uma página
por isso, vibro
uma só nota em uníssono
mas o meu tom é apenas em sentido figurado
nenhuma nota que se encontre numa pauta
numa única pauta terminada
pode traduzir o estado livre desse poema
a dor liberta, na dor se encontra a nota certa
a dor ama depois em amor, dando amor sem ela própria
sustenida, a nota natural elevada por acidente
a paixão assim só pode ser acidente...
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