quinta-feira, 3 de dezembro de 2015
no limiar das sensações físicas
fórmulas a que obedecemos
o eixo da bússola trémulo - parece que estou parado
reúne-se no presente algo de concreto - sou
qualquer coisa que eu próprio ainda desconheço
sem ordenação morfológica
temos sorte em transitar de linha
e por décadas de respiração submarina
sermos estâncias sem pulmão
lugares de fé contracorrente
fora de trilhos de ser gente
tão-só a natureza morta
em sintoma material
há um desarrumo próprio do universo de acaso
presságio, esparso, substrato
evanescências fantasiosas
no limbo de uma simbiose acrescermo-nos
das circunstâncias do rés-do-chão
cedendo às iminências das raízes que rompem
é só uma construção virtual
da histeria de conversão do banal
estrofes que morrem de pé
o tronco, os fios de cabelo, os cílios
pode o coração minguar-nos de frio?
de uma ressurreição estruturante
em romaria pela quadrangular esfera
de conhecermos todos os cantos à casa
o código, os moldes de definitivos alicerces
o escudo, a pátria, os mistérios da fauna
os desígnios de áreas assépticas
uma simples gota de sangue e - sou único
dos jardins interditos
humanos percorrem alamedas de extracção
operando na pedra, no metal, na terra
o conceito de velocidade meridional
espaços nostálgicos que nos chegam das extremidades
anatomia da fixação dos pés
o desejo despertando de caminhar
decibéis cismáticos: ando, corro, voo
o embate de contradições metafísicas: o que sou?
a aceitação servil das mãos só dor
escavando, perfurando, mais fundo
sublimando a essência ela própria do submundo
de uma memória subcutânea colectiva
que tecem as imutáveis redes venosas?
lentamente somos célula suicida
a asfixia persistente do dia-a-dia
onde o hábito solidifica o silêncio
volver um bom-dia em sofrimento
damos corda ao dispositivo por necessidade
horas fantasmas sem massa óssea
cópias, transcrição para lugar nenhum
a figura negativa da curva da procura
de uma cornucópia sem creme
a vida um casulo dormente
mas as raízes vão desabrochando do chão
desapegadas em escada desajustada
os pés implorando a aproximação ao céu
porque no céu o tempo é inútil
e tudo o que foi orvalho hoje é algo de vago
de um mundo informulado mas obediente
um mundo que não é real mas sobrevivente
o eco de um aparente sono nutriente
a sonoplastia de uma cultura in vitro
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