terça-feira, 22 de dezembro de 2015
fuso para adormecidos
era a cidade a respirar
quando em vez de oxigénio
o tempo fosse veneno
dos sítios altos das encostas
os braços que apertam o momento
contra um peito sem revolta
e submisso à direcção do vento
faço parte sou autêntico
espaço neutro
e sobem direitas aos céus
as asas que aqui não tiveram lugar
de aspecto boreal
tudo são auroras içadas da palavra
que ninguém quis escutar
e a cidade assim subterrânea
essa penetrante catacumba
vai ignorando os aspectos híbridos
de um céu catatónico
mas às vezes lírico
damos continuidade à fundição
desse tecido de Inverno
a ideia de fome bio espírita
denunciada pelas copas despidas
o rigor da solidão avulsa
o halo poetico-melancólico
tudo é brancura fantasma
para apreciar a queda de um astro
porque o dia é uma representação
o que fica dessa autenticidade
a amargura é metafísica
o ímpeto de sentir aos sobressaltos
a infância escoada de luz
a linguagem da alma não falada
verdadeiramente o que nos atrai
pelos subterrâneos do ontem
sermos capazes de pazes
para deixar de parte deus e o seu drama
transgredindo-se a raíz da razão
eram coisas de pedras e homens do coração
irado, talvez esse o maior pecado
o sonambolismo da esclerose mundana
para que se empresta a liberdade
quando já não se quer ser livre
dos escombros da culpa sobrevivemos
passámos o inferno para o lado de cá
que somos senão seres antagónicos?
onde se desconstrói o céu debaixo de céu
há uma epopeia dentro da cabeça
pelo princípio natural do ódio
descompassar o tempo levado a sério
ao lhe chamarmos vida
somos substância da loucura
deformação sensorial barbitúrica
e a cidade assim subterrânea
esse constante berço
vai mergulhando o pensamento
de um véu amorfológico
mas às vezes...terno
que rebusco do fulgurante pôr do astro
sobre inúmeros abismos a dentro
ainda me encontro no incessante
movimento dos últimos que partem
para trás ficam sempre os amantes
há uma roca que os prende
assim como que desfiados
na beira do fio da vida
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário