quarta-feira, 9 de dezembro de 2015
o suplício de tartan
a estafeta das girafas de venda
um gorila albino disparando a pistola da partida
há que conhecer os canteiros de areia
terreno acidentado por serpentes e caveiras
alguém deixou uma pantufa desirmanada
e depois há instruções para não morder a língua
o mundo observa o mundo das bancadas
há que aprender a estar morto para enganar o outro
na leitura de uma onda, a canoa vai de esguelha
o assobio de um melro, por ali o prado é infinito
é a lua da tarde que indica o caminho
o olho clínico da contemplação das estrelas
a esta hora ainda em aquecimento
do terraço de deus uma barriga de osga acena
pista um, aos seus lugares, catrapum
o texto tende a desenvolver-se sem contracção
o tecido muscular tem preparação e pulmão
a cronometria velocista ensaiada
desde que as pernas não emaranhadas
o corpo sabe, só tem que seguir a pulsação
dilata-se a mente num esforço alienígena
dilata-se a ponto de não se lhe conhecer limite
todos querem chegar ao fim numa posição digna
se o tempo tem de se esgotar
que se esgote na ascensão ao pódio
no globo terrestre devastado, cristalizado
o último suporte material da memória
hieróglifos de calculadoras electrónicas
renasce das cinzas um jogo olímpico
pelas zonas desabitadas ainda do percurso
para que não se extinga a chama
de um céu que engoliu a terra
hão-de-se trepar pirâmides
dessa arquitectura interna de linhas mornas
do sofrimento, o alívio satisfatório
como uma ideia natural de estar vivo
fosse o apanágio dos mortos
a marcha da inquietação, passa testemunho
tudo é calma, tende para a calma
vagas contra a crosta arbitrária
do desenvolvimento do corpo lógico
o guia é pluralmente elevado
dentro de cada animal há uma medalha de ouro
que estremece e range por chegar mais longe
sem descanso, como pode uma girafa-atleta repousar
se o pescoço está sempre na lua e os pés na terra?
- há que colocar uma venda e deixa-las ser estafeta
estafada estupefacta depois com a corrida interna
interminável de agitação ansiosa pelo repouso
anestesiam-se assim os músculos do pensamento
para da contemplação de uma corrida nunca ganha
querer voltar a competir e uma e outra vez sem desistir
como se fosse a lua e as marés
motivação para lhe fugirem os pés
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