domingo, 24 de janeiro de 2016

alma helénica


o vazio que nos enche
o que diferencia uma casa de um escultura?

a coluna termina com o capitel mental
a cabeça do foguete que se esbarra no céu
uma vez tentei medir a sua longevidade
sempre estriado esse templo de entes danados
a planta, se a pudesse contemplar de cima
seria em aresta viva, a ponta do lençol
que encobre a terra na medida das estrelas
o peso do tecto é elasticamente leve
como se fosse uma árvore mas feita de penas
a mente decompõe-se em motivos de cheio e vazio
vai pouco a pouco atenuando-se sem que seja datada
das lápides dos tributos mais antigos
dórios que são ainda visíveis na noite negra
quando a terra gira sinto calafrios de altura
o diafragma em cadafalso, os pés levantam
dessa força centrista o efeito de desaparecer
a sustentação de um animal no ar, levitando
superar a atmosfera terrena, a linguagem material
para que serão precisas casas?
a diáspora das almas que se despedem
para depois engrossar o oceano de choro
lívido, esse manto virgem de retornados
os magníficos deuses não estão nos cemitérios
são fachadas de templos e esculturas de mármore

figuras que sustentam o tecto



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