quinta-feira, 7 de janeiro de 2016
fóssil
à rebentação das palavras
tornar-se surdo contra o grande fundo
o depósito calcário
as ondas tomando de assalto
a magreza do substantivo
do estado da luz contra o rosto
da alma fluvial
o deslumbramento da confirmação das coisas
desmaiadas no limbo, lá fora
o rio é a lágrima da vergonha
com toda a suavidade que me é permitida
ser envolvida por mais nada
à urgência da calma
há no tecido do universo
algo de intimamente perverso
num fio de seda petrificado
o estado do desejo
o inesquecível faz-nos chorar
amar até à loucura
até a loucura é impotente
é o murmúrio das águas
o barulho do nosso sangue
esse equador em lugar de noite
há nódoas negras no céu
o tremer das pálpebras húmidas
absolvendo-se à própria carne
o sabor do vento, das tempestades
estado líquido
aqui tudo é fluído
do labirinto das massas
da ausência esmagadora da respiração
pode-se mesmo morrer
em estado astral foragido
ou ritmo lunar desconcertado
não mais suportar a ordem de deus
ser a clandestinidade natural
na parede do mar, aportar
as forças da mudança reunem-se
à tona de correntes imutáveis
a parte límpida não pergunta
escuto agora ecos de todas as espécies
na arca dos amantes
se desviasse a rota de mim
a doçura do fundo seria definitiva
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