sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

porque eu sou a ventania


sinto-me apegar
ao horizonte da idealidade
a perpétua transformação evidente
das coisas ditas depois de ditas
os abalos da condição soberana
de todas as redundâncias
ao empirismo com cautela
o ciclo da origem sem memória
para a interrogação fundamental
ah verdades novas, que significado?
são as brincas dos elementos
retomar as formas dos mitos
bizarrias do espírito do vento
feixes penetrantes sem manifesto
quero ser para além da dispersão
do odor metrópole a putrefacção
do recriar de anamnese múltipla
campos inexplorados de lugar danado
quero ser a crueza das gentes
de harmónio crer desabitado
horas desmedidas de imenso
pessoa solitária sem oráculo
reanimação de coisa alguma
mas tudo se exaspera
a terra lúcida é sempre outra
onde se destina o que é nosso?
resta colher a transparência
o homem que experimenta a dor
que suporta a gravidade da sombra
repatriado para a melancolia
iluminado de vida extinta
hipotético gesto na paisagem
variáveis beleza e lágrima
entrego no presente a colheita
para campos rasos de solidão
privados de alegria nenhuma
para amanhã mais não.

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