sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Gran bestia submarina



pesadas lonas alcatroadas
rijas como lixas
estado de tensão
abandono de si
os ossos da bacia a quererem furar
a melodia trágica do dia-a-dia
como um murro no estômago
e esmagar o pesado cronometro
 a sangue-frio
sem instrumentos ou bússola
com o dedo permanentemente no gatilho
latitudes, longitudes
navegará até onde
perfeitamente quieta
o gesto haverá de ter ido mais longe
plano-mestre
vigiar-nos de binóculos

apanhar a corrente principal
altas dunas movediças
patas de elefante
cascalho miúdo
linhas de referência
nivelamento
capitão de mar-e-guerra
o guiar do bote
vagabundear
gesto melodramático da sorte

e de olhos fixos no esqueleto
olhos despidos de três sombras
três viajantes chegando de longe
o terceiro era cipriano

ao duplo sol de inverno
o odor bafiento
areias rijas
marcas de sal
agarrar de súbitos compassos
há um nativo fora de radar
gerar a rédea a bombordo
à tona danada da  água
se encalha
de um vagar elefantino
mortal barbatana do destino

e há o contrabando
parlenda
plexo-solar
o veleiro pendente
ancorativo transtorno
temos pesadas algibeiras
e da rebentação
fanicos de duro cascalho
pingue pinga pongue
as coisas empacotadas
do arrastar dos fardos
debaixo de água

era um homem mau
por isso não se derrama lágrima
cuja lição
é um par de mágoas
quanto a ser peixe, era um peixe como outro qualquer


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