quarta-feira, 5 de agosto de 2015
versos rompendo águas
o coar melancólico da luz
volúvel, mutável, arrependida
o carácter meridional
a poesia evangélica
insulação
exaurida
no celibato da escuridão
charco
e olhos raiados de sangue
a perda do esplendor
nobre animal à escuta
da pulsão do banal
um homem colossal
no atravessar do pântano
a ciência do céu
o triste vácuo do coração
amputação existencial
completar a espiritualidade na terra
crença viva
o mundo-paraíso
a existência dos anjos impressão
o repelir da alma no altar
o verdadeiro desterro de estar vivo
agonias íntimas
o obrar da lógica grosseira
crónicas de amarguras
sepulturas de padecer lento
tribos de províncias do íntimo
os vastos domínios de povos sem raízes
o cemitério da saudade
esmagar de tributos prostituídos
a terra natal fadigosa de solidão
vamos narrar, habitar não
recôncavo
os tabuleiros da morte
para onde nos levam às fornalhas da decadência
a noite húmida e fria
farrapos de vida
e o bailar solitário das folhas misteriosas
há uma catedral crepuscular
coada de mil cores espectral
e o estampar das sombras
têmpera do homem antigo
farrapos que se erguem ímpios de recordação
das frestas do coração
ainda cristão de arquitectura
do culto de Ódin
o submergir da esperança para os miseráveis
do sublimar da poesia
do despertar de lullabies
mudaste tristeza
o desengano do mundo
o pagar do sorriso em tabuadas de vício
sorriso decorado cantado esquecido
o tempo moldando a solenidade
de uma conjugação vestigial
aprumado à beira-mar o poeta flutuante
o sussurro ondular de trémulos versos rompendo
o trepar dos precipícios
sumir-se nos rochedos
lá ao longe, imóvel, a linha do poema horizontal
e à mercê do vento
palavras movediças de afogamento
subir às alturas do céu
até que o planeta saudade seja seu
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