domingo, 30 de agosto de 2015
que fazem messias aguardando na esquina?
o corolário natural é uma ideia-limite
onde o compasso se fixa
à boca de um pelicano radioscópico
e o espírito em emulação de deus
as purgas do ébano misantropo
pendurado de braços recolhidos
nascer e renascer dentro da sua própria natureza
a nostalgia da imortalidade
o homem de carne parte
se adregam ossos de animal enrolando papiros
essa fome de animal hibernado
dessa imbecilidade epicurista macerada
retoques e andaimes
para a filosofia do sonâmbulo
ares blindados a uma existência carunchada
e o condão de uma visão cósmica
de flor em flor a semente
o suco do vagar atmosférico
do som oco do nascimento
a cotovia mastigando vidas cadavéricas
também as cotovias comem não comem?
devorando restos de imaginário para provar além morte
e há um campanário dentro da cabeça
onde o sermão e a esmola se revezam
o umbigo do mundo onde tudo é terra de ninguém
o fósforo é sonda para o esmorecimento
há-de tudo ser cinza para sacrificar a exactidão
dessa vida estacionária
e na clave da vibração interna
quási enigma
minar ou minguar
do miolo à casca a catatua floreada
ao império do esquecimento
caem enfim as sementes em mão alheia
o cinzel do escultor decifrando o invólucro humano
à míngua do tempo
sempre o resgate da tarefa
catadupas lacrimo-génias
a língua rotunda, praça
pelourinho para morrer no primeiro naufrágio
rufa ao longe essa alma que se deixa partir
que volúpia!
essa azáfama de transferências
para um parto lento
quebrado pelo irritante martelar das teclas
o passeio elaborando-se mental escadaria
onde casulos do bicho da seda estão
à exaltação intuitiva
à gestação do poema
em morfina, mofino
deixado aos pés do cristo
para um dia ser um fura-espanta-céus
sagrado coração que sangra!
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