sexta-feira, 20 de outubro de 2017
Tempe - esse vale ameno
andam os pássaros enfeitiçados
melhor do que ninguém
na grande linha dormem tranquilos
vendados imortais aos tiros da obscuridade
feitos de gestos e delicadezas
inspirando o dia de proeza e significados
o voo das coisas pequenas
na sombra dos grandes telhados
à luz trémula dos raios dos homens
que importa a verdade exacta?
a memória muda a cor do tempo
as garras religiosas dos solos
que nos atraem à cova severa
o horizonte limitado da terra
as sebes dos campos já lavrados
de quem não conhece o feitiço
da orla do mar, dos areais primitivos
que os arados egoístas dos homens
rasgaram em farrapos de tristeza
desaparecer levado do sopro
desaparecer numa espécie de baldio
materializado no sonho da garça
no conforto físico das suas patas
lançar gritos no seio da noite
no ataque nocturno das almas
o suspiro que resta depois do asilo
do corpo abandonado noutro corpo
viajando na embriaguez de tudo
minutos antes do crepúsculo
os caminhos corredores do espírito
grosseiro sem eira, um covil de dor
o olhar franco da felicidade completa
trotando contra o grande enigma
das esporas que fazem o girar do dia
ao nascer do sol de inverno
dos reflexos de sangue no céu
um hino ao voo eterno
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário