Tenho visto o maior horizonte
as planícies mais distantes
a vida simples das aldeias
animais, árvores de fruto, fontes
as águas profundas onde mergulho
campos verdes, roxos, amarelos, secos
descalça, despida, com terra nos dedos
tenho me deitado com o sol e levantado
com ela, a vida, ainda mal dormida
tenho dançado, rido, bebido, comido
conhecendo gentes de outros lugares
tenho feito a mala e partido por aí
outra e outra vez, faminta de mundo
tenho deixado os livros fechados
e os braços abertos recebendo
tenho dado de mim, deixado por aí
tenho voado de olhos pasmados
por céus infinitos amando
e a cada regresso, quero mais
como se as paredes fossem banais
desta casa que está a mais
quero não ter mais poiso de raiz
até que me doa a alma de feliz
conhecendo, absorvendo, sentindo
derivando sem estruturas de cimento
sem plano, sem medo, sem volta
quero conhecimento de lá de fora
deambulando sem rumo
conhecendo os cantos ao futuro
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