quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Voo encorpado

peregrina gota a gota da torneira
enleada à volta da cabeça a faina
da peneira sonhos de impossível
aos fornos legível é água ardente

no impeto de sermos gente mina
quási garatuja ladeira sonâmbula
tagarelando linhagem condoída à
margem de uma vida de planura

de um só safanão um avião cisma
de querer ser brinquedo e revolto
no cortejo anda louco ao contrário
pendurado num ramo ultra oco

e zás, uma parelha de coices atrás
até o chaparro é filado, aturdido
empurrado a léguas de distância
sem préstimo acoitado no charco

na lonjura desabando uma ideia
como caldo entornado do tarro
e no peito da campina se deita
musicando a guizeira no lombo

leves culpas de pequenos nadas
em romaria do capricho destino
cautela aviãozinho esparvoado
que o tempo faz sazonar alento

fitando nos olhos ao curativo
esforço hercúleo penitência
interesse vil da consciência
azáfama mortal de improviso

a esmo a granel não esmoreça
a pardalada pele e osso anda
serás lufa-lufa de velhaquice
malandrinho tirano à mama

e da estampa dos sentidos
hão-de soar novos sinos
mazelas fulminando avisos
mas o fastio será abismo

é o voo encorpado da vida
andar molhado à chuva
se não estivesse deitado
iria ao chão de tanta tusa!













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