a chuva cai de repente
ainda que a promessa esteja no céu
e mesmo antes de cair
um banquete atmosférico de auras
que conversam entre elas
decidindo sobre que ruas
o véu desaba
aos olhos quase distraídos
numa suave aragem
que no rosto nos anuncia
a queda da primeira lágrima ácida
como cortina rasgada
ondulando de uma casa abandonada
numa rua escura onde não passa
criatura acordada
a chuva antes de cair
como o gesto que leva ao primeiro passo
onde se levanta uma criança e caminha
a princípio, desequilibrado
a chuva lava, levando a mágoa
cai pesada de zanga
desaba telhados de chapa
para voltar a ser suave e leve
como flocos de neve
como sopros de auras
que dos vidros quebrados a dentro
se recolhem da janela
momentos depois da queda
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