quinta-feira, 3 de julho de 2014

nunca parou de bater

há um pássaro que
ficou para trás e o inverno chegando
de peito negro bico dourado e asas
de açucenas batendo com toda a força
comendo caminho poeira de nuvem
um pássaro que para trás se esqueceu
nas ondas do mar areia e sal de Agosto
nos fenos armados das planícies sem rosto
que em breve o coração há-de parar
que a cada batimento o sente enfraquecer

um pássaro que nunca há-de estar
verdadeiramente só
que é deus que o leva na sua grande asa
nessa asa onde cabem todas as açucenas
mesmo aquelas que ficam perdidas
e o pássaro de bico dourado
vivo ou morto há-de chegar
ao coração de um girassol
a uma nova estação de sol
de uma planície terrestre ou celestial


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