tinha as linhas da mão salientes
como diques em dias de tempestade
comunhão de frentes inimigas
fervilhando dentro da veia o sangue
tinha o pêlo eriçado e no dorso
uma linha hirta, coleira atirada longe
as unhas raspando na ameaça
para a corrida em fuga alada
tinha no mapa a lápis riscado o traço
o estômago atestado e água no regaço
para tudo se parte de um começo
na fera o inicio de dentro a espera
de não importa para onde o trilho
rompendo na atmosfera cadente
a estrela que encontra a terra
e se desfaz em brilho no arrasto
de um desejo de encanto e mistério
depois, de ideia incubadora parteira
nascendo a metáfora ainda abstrata
aos poucos, nivelada tonificada de
pequenas implosões de aqui nada
a fera abandona finalmente o abrigo
ainda descompassada avança ávida
descompensando todas as amarras
de não à vida
e um dia
luzidio intramuros um jardim
de um palácio de estátuas retinas
a milhas de longe das montanhas
a fera encontra a bela:
-Carmen, trago cravo e um desejo
cujo nome desconheço e alimento
e aqui me trouxe aos teus beijos
de joelhos
e do seu rosto descoberto
cabelos negros e uma lágrima
do vestido vermelho a magia
dançando flamenca a cigana:
-ao longo do teu caminho verás
os rostos do delírio de uma paz
que jamais encontrarás...jamais
a fera partiu em maior desgosto
perdida sem força dorida
de bússola avaria transtorno
de esperança
se antes não tinha destino, agora
era uma demanda inglória
-toda a estrela se torna cadente?
e eis que a resposta estava
onde sempre esteve guardada
estrelas cadentes não são estrelas
são rastos de ser que o foi e vagueiam
pelo espaço e ao penetrarem em algo
queimam com o atrito, por isso...
só existem enquanto caminho
luminoso, livre...
E assim, porque cansada apenas isso
a fera encontrando um abismo
oferece-se ao fim: Aarti!
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