quinta-feira, 4 de abril de 2013

Ao jantar

Deixa-me só acabar de comer e eu já te digo aquilo que penso. É intenso, é demasiado intenso, tu és demasiado intensa..mas porra tudo o que sinto é solidão! Tenho medo, quero-te foder, sinto a tua falta, ainda te espero, sim sim eu escuto todas essas palavras, mas ninguém escuta a minha. Erva e vinho tinto, malagueta e poejo e um silêncio de fora que deixa as vidas dos vizinhos entrarem na minha. Gritam, riem, a criança chora e o gato mia. Encho de novo o prato, não vale a pena ficar o caldo. Esta minha forma de vida que não entendo, tão rebuscado como incoerente, como eu afinal. O poeta só mente. E a puta da palavra teve todo esse tempo a primeira cena. Mas o poeta também sente, por trás dessas palavras mentirosas está uma vida. Lá fora chove e troveja, como radiografia de Deus não é? Deus deve estar zangado comigo...e já chora há tanto tempo...E sobremesa não? Ontem já comi dois chocolates assim de rajada. E pronto foi esta a merda que escrevi ao meu jantar. Sim senhor, bom proveito!

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