segunda-feira, 29 de abril de 2013

I

Sai de cima do meu caderno, sai de dentro das palavras
sai, vai-te daqui embora, shtt fora, fora daqui...
Vai e não olhes para trás, anda corre, voa, flutua
nas outras casas, noutras capas, sai pra rua!

Vai, segue o teu caminho! Deixa-me sozinho
não suporto mais o teu peso, não cabe cá dentro
nem do avesso, nem quero mais isso, só isso!

Deixa-me contemplar o vazio, quieto imóvel
o silêncio dos moveis e das folhas brancas
por um momento, deixa-me se és Homem!

Para que as plantas cresçam sozinhas,
para que paredes conversem com elas
para que o pó se encoste nos cantos
e a comida apodreça nos pratos!

Para que lá fora os carros passem
para que as vizinhas morram
para que a terra se expluda
e a vida continue, absoluta!

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