Ofuscada pelas luzes da cidade,
a minha poesia perdeu a ligação à terra que tinha.
Por isso, sinto-me completamente vazia e sozinha.
Para falar a verdade, já nem sei de que terra sou.
Todos os meus temores de me perder de mim
confirmaram-se numa questão de dias.
A minha alma perdeu-se de mim.
Ou eu perdi-me dela e o verso torna-se repetitivo.
E a vida torna-se sem qualquer sentido.
Depois de todos partirem,
depois de tudo cair,
tomei conta de que a única coisa que me faz estar aqui
é a minha casa.
Que por ela me levanto,
que por ela me sustento.
Porque se também ela perder,
então nem o meu corpo terá mais poiso.
Sim, porque da minha alma não sei mais.
Anda por aí, atordoada e perdida
como andorinha fora de época.
E nada mais posso fazer senão isto,
esperar na linha do poema
por um qualquer sinal de sentido.
Porque já tentei partir e fiquei.
Porque já tentei perceber e não sei.
Porque tudo o que resta,
está à deriva nesta folha.
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