quarta-feira, 17 de abril de 2013

Natural e Humano, publicado em 2010 no Álbum Grauzero

A folha em branco, natural e humano
tenho fomes de rimas e palavras em branco
Voar pelas teclas, divagar devagar
sem sentido ou evasivo.

Já me cansei de depressões, covas fundas e enterros
não entendes as entrelinhas, não aprendes com os erros.
Provavelmente, não há propósito
não há destino, nem sequer escritos.

Assume o acaso e o absurdo
não compliques, é simples,
são becos sem saída.

Uma balança de força, dentro e fora em equilíbrio
leve como pena livre, pesado como pena perpétua.
Assume a essência, paradoxa ciência
desconexa, ambivalente, confusa e complexa.

Somos corpos leitor, sensível aos outros
registo sensores, perigo sem filtro.
Deixamos no fundo, conteúdo excessivo
resíduo tóxico para o nosso organismo.

Avaria no sistema, esgotamento dilema,
haverá medicamento para tal problema?

Nem imaginas a receita, é tão simples que chateia.
Experimenta a leitura, avalia cada grama.
Não é preciso saber muito, ser velho e vivido
ser viajado e culto, só tens de estar atento.

Electrónica, mecânica ou comercial,
o que é que a balança tem de especial?

Instrução no verso, côncavo e convexo,
duas faces de moeda, como ego e eco.



Se mais pesado é interior
Vives alienado do exterior
Isolado como ilhas
rodeado de águas turvas.

Se mais pesado é exterior
adaptado a tudo
colado da realidade
sem expressão real de ti.


Trampolim acrobático, perfeição olímpica
salto mais alto, em cada verso que escrevo.
Na minha receita não se aceita medo
não há recuo e o engano é progresso.

Estou atenta ao movimento, penso e analiso
insisto e critico, sempre que preciso.
Pouco deixe que me pese, não procuro excessos
deixo de lado atalhos, e ás vezes abraços.

Concentração esforço, dedicação educação.
São tantos sacrifícios, como depois benefícios.
No fundo sou crente, no universo imagino,
uma balança à distância ou no centro da terra.

Baloiços, escorregas, insufláveis, carrocéis.
Todos eles são formas, transversais ou paralelas.

21 gramas é o peso que libertas,
o único, que não controlas.

Imagina em vez de balança, tu és outra coisa,
um livro, um quadro, um texto, uma palavra.
Desambiguação ou alta definição,
epistemologia, manual do coração.

Dogmatismo, cepticismo, relativo ou isolado,
global, fragmentado, suspenso, pesado.
Os braços junto ao peito, força em espiral,
concentra no centro, o peso total.


Natural e Humano,
deixa fluir ao acaso
      (uma balança de força)


Natural e Humano,
deixa fluir ao acaso
      (uma balança de força)

Voar pelas teclas,
divagar, devagar
sem sentido ou evasivo.





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