desfaz-se na boca a pele da malagueta
que se empurra com um gole de cerveja
bate à porta um homem perneta e uma preta
querem saber se ainda cá mora
uma tal de senhora D. Aurora
que era filha de relojoeiro e parteira
casada enviuvada de um qualquer marinheiro
mãe de três marmanjos endiabrados que hoje
já devem estar enjaulados ou então ricos
dizem que era curandeira
dos males do corpo e da cabeça
respondi que aqui só mora a poesia
e que pouco se entretém com curas
que sobrevive dos queixosos e dos aflitos
e que seriam bem vindos se viesse o vinho
e que essa tal de Aurora
nem tão pouco se conhece a história
mas que de histórias se faz uma boa ceia
e de uma boa ceia se enche a barriga
e que isso pode servir de alento à vida
ou pelo menos, à que mora cá dentro
ainda
Sem comentários:
Enviar um comentário