domingo, 22 de junho de 2014

Vai mergulhar?


na sombra árvores extravasa
um rio de manhã enevoada
acordando inclinado
para o lado negro da margem
detritos de espuma e trovões
podemos ouvir ainda batendo
nas pedras da margem tábuas
um rapaz cauteloso atira-se
se não estivesse tão mergulhado
montado no seu cavalo marinho
poderia calcular o logaritmo
tocar nos botões de lítio
e à superfície encontrar-se
no silêncio cardume e lismos
de ideias que se embalam turvas
ir ao fundo da consciência
e não carregar nada consigo
tudo fosse rio abaixo ao mar
afoga de sufoco a ação de nadar
-se eu ao menos lhe pudesse tocar
saberia o limite do fim mas
tudo são areias que se movem
correntes de finitos que se anulam
e montado no seu cavalo colorido
odisseia de pótamo a neptuno
meio ser vivo meio estar morto
tomou como demanda o caminho
estar em movimento ainda que
sem conhecer a tona o limbo
e mais a outra parte do mundo
apenas rompantes raios
de um sol resolvido lucarna
de um estado de segurança
subaquática



Sem comentários:

Enviar um comentário