um arame enrolado cai da plataforma
nas mãos de um enigma engelhado
dos confins do túnel da avenida
apertado das portas rebenta um touro
enraivecido, vai despeja-lo no lixo
e tal forcado citadino: é de ontem!
pela mão que o arrasta sem corrimão
a garota olhando o tecto arquitetado
e o passe que não passa, vai colado
lágrima que se guarda para a hora
da boca seca, da voz que se cala e dá
um nó na garganta, vendida, cobrada
na folha de vencimento biográfica
mas se tu quiser, vai ser minha mulher
o manequim debaixo do braço rua
abaixo, sobe escada e uma arcada
calçada esburacada e uma árvore
cimentada, onde pombos esticam
das entranhas uma cidade subterrânea
e pela calada de madrugada o poeta
esculpe o arame endiabrada vértebra
coluna cifótica que ao olhos do poeta
caindo da plataforma
lordótico enigma
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