gosto de olhar
para as minhas tralhas
como tu dizes
aí descanso o meu olhar
e aí tu foste colocando
nas prateleiras dos livros
bonecos e robots
então tudo
vai fazendo sentido
não esquecer de brincar
porque poeta
não é só livros
sábado, 29 de junho de 2013
meus olhos que levem
a carruagem deslizando nocturna
zigue zague e zombies de fraque
tanques de combate em magia
e coelhos saindo à ultima hora
batendo de frente papel de cenário
que ao rio se entregam horas de vidro
do outro lado o oráculo de Deus
onde rosas ao manto acostam
meus olhos que levem
meus olhos que levem
a carruagem deslizando nocturna
a morte maçuda a trote
e amendoeiras desabrochando
chibatas e pistolas em ácido
na febre a lebre de batina
a língua pastosa fendida
criaturas das entranhas
entrando e saindo pelas traseiras
meus olhos que levem
meus olhos que levem
a carruagem deslizando nocturna
mistificação de dor física
trevas reais ao longo da pista
tépido céu de lunetas à tona
cidade pecadora extensa
na linha divisa persianas
de crença paladar sentença
entrando e saindo depressa
zigue zague e zombies de fraque
tanques de combate em magia
e coelhos saindo à ultima hora
batendo de frente papel de cenário
que ao rio se entregam horas de vidro
do outro lado o oráculo de Deus
onde rosas ao manto acostam
meus olhos que levem
meus olhos que levem
a carruagem deslizando nocturna
a morte maçuda a trote
e amendoeiras desabrochando
chibatas e pistolas em ácido
na febre a lebre de batina
a língua pastosa fendida
criaturas das entranhas
entrando e saindo pelas traseiras
meus olhos que levem
meus olhos que levem
a carruagem deslizando nocturna
mistificação de dor física
trevas reais ao longo da pista
tépido céu de lunetas à tona
cidade pecadora extensa
na linha divisa persianas
de crença paladar sentença
entrando e saindo depressa
a baixa está escanzelada
nada de definido surge na bruma
quero sentir-me limpo
nódoas de sebo vejo
nesse paquiderme emoliente
a procuração do demónio
assente: eis que penedos
em pleno teleférico
seu riso histérico passeio
arcanjos vencidos
de trigo moídos a nada
e na última badalada
a parcimónia alada:
quero uma poltrona
de pedra
quero moelas
e grilos em caixas
de fósforos
nada de definido surge na bruma
quero sentir-me limpo
nódoas de sebo vejo
nesse paquiderme emoliente
a procuração do demónio
assente: eis que penedos
em pleno teleférico
seu riso histérico passeio
arcanjos vencidos
de trigo moídos a nada
e na última badalada
a parcimónia alada:
quero uma poltrona
de pedra
quero moelas
e grilos em caixas
de fósforos
quinta-feira, 27 de junho de 2013
O serralheiro
O serralheiro tem andas
e telescópios nos olhos
e carnívoras plantas nas palmas
O serralheiro é hipnótico
encantador de ócio
sanguessuga de alternativas
O serralheiro é penetrante
incansável gigante
faminto de fantasias
-corre! foge! esconde-te!
no labirinto da fonte, perde-te
só não sabendo para onde vais
o serralheiro podes iludir
sendo fantasma de ti mesmo
ao serralheiro estás a perseguir
e telescópios nos olhos
e carnívoras plantas nas palmas
O serralheiro é hipnótico
encantador de ócio
sanguessuga de alternativas
O serralheiro é penetrante
incansável gigante
faminto de fantasias
-corre! foge! esconde-te!
no labirinto da fonte, perde-te
só não sabendo para onde vais
o serralheiro podes iludir
sendo fantasma de ti mesmo
ao serralheiro estás a perseguir
quarta-feira, 26 de junho de 2013
da cama para a mesa
da mesa para a cama
a bateria a ferver
e a chapa da máquina
a explodir
ela e eu
não corre uma puta de uma brisa
diz que a culpa é do telhado
quem me mandou a mim
só vê-la por dentro
e em dias como este
duplico a inquietude
de noite anda tudo pela casa
que a cama parece fornalha
sem dormir, sem comer
a escrita não sai senão palha
Deus o valha que o tempo é canalha
é o sol a ruir ora a chuva a cair
mas onde ficou a Primavera?
-está fresquinho!
é esse mesmo o termo
e ao fechar os olhos o mar
a sombra e o vento
e na minha cabeça
não se calam coitadas
como se agasalhadas
à lareira fumadas
queixosas as palavras
e não se pode desejar
chuva
porque a miséria aguça
então água fria
no regador os pés
e na bacia, a cabeça!
da mesa para a cama
a bateria a ferver
e a chapa da máquina
a explodir
ela e eu
não corre uma puta de uma brisa
diz que a culpa é do telhado
quem me mandou a mim
só vê-la por dentro
e em dias como este
duplico a inquietude
de noite anda tudo pela casa
que a cama parece fornalha
sem dormir, sem comer
a escrita não sai senão palha
Deus o valha que o tempo é canalha
é o sol a ruir ora a chuva a cair
mas onde ficou a Primavera?
-está fresquinho!
é esse mesmo o termo
e ao fechar os olhos o mar
a sombra e o vento
e na minha cabeça
não se calam coitadas
como se agasalhadas
à lareira fumadas
queixosas as palavras
e não se pode desejar
chuva
porque a miséria aguça
então água fria
no regador os pés
e na bacia, a cabeça!
ai pronto
com este calor o que estarão eles
fazendo no parlamento
claro o ar condicionado
mas ainda assim me pergunto
se será suficientemente arejado
estarão a apanhar moscas
ou fazendo barquinhos de papel
comentando o passeio do Herman
aos galapinhos de descapotável
estarão à procura do éden
trapaçanco a matemática
partilhando anedotas no twitter
e apreciando as fatiotas
estarão a pensar em inaugurar
algum hotel top à beira mar
ou nas férias em comitiva
para comentar a situação crítica
pela última geração do iphone
ai fome, ai fome
ai pronto ai pronto
que tédio no parlamento
-senhor deputado
mude de assunto
e porque não cair o tecto
no parlamento dos anafados
como no concerto de toronto?
sim, eu pergunto
fazendo no parlamento
claro o ar condicionado
mas ainda assim me pergunto
se será suficientemente arejado
estarão a apanhar moscas
ou fazendo barquinhos de papel
comentando o passeio do Herman
aos galapinhos de descapotável
estarão à procura do éden
trapaçanco a matemática
partilhando anedotas no twitter
e apreciando as fatiotas
estarão a pensar em inaugurar
algum hotel top à beira mar
ou nas férias em comitiva
para comentar a situação crítica
pela última geração do iphone
ai fome, ai fome
ai pronto ai pronto
que tédio no parlamento
-senhor deputado
mude de assunto
e porque não cair o tecto
no parlamento dos anafados
como no concerto de toronto?
sim, eu pergunto
abanico
abanico abro e fecho
com uma mão me arejo
e a outra escrevo
abro e fecho
nesse leque de palavras
manco observo
imagens dactilografadas
raio x imaginário
de vidas passadas
e nelas tenho a certeza
de o ter usado apenas
como acessório estético
tal é a aversão
que tenho ao Verão
com uma mão me arejo
e a outra escrevo
abro e fecho
nesse leque de palavras
manco observo
imagens dactilografadas
raio x imaginário
de vidas passadas
e nelas tenho a certeza
de o ter usado apenas
como acessório estético
tal é a aversão
que tenho ao Verão
etiquetas andam às aranhas com letras
como se tudo não tivesse sido já feito
as recombinações de dna emergendo
a cada novo momento alguém nasce
e se uns têm cabelos vermelhos
outros acontecem ser espelhos
e se uns têm comichões lá dentro
outros acontecem ser tranquilos
clássica, metálica, jazzeada
cada alma tem
um ritmo, uma nota, uma pausa
um instrumento que a toque
um ouvido que a entenda
caixa de música torácica
vintage ou moderna
design coração de madeira
onde uma caneta dança
dando-lhe corda e vida
e andam às aranhas
as letras que se acham estranhas
à procura de etiquetas
tocando ao ritmo de outras caixas
que pena
não é a alma que é pequena
é a escuta que é surda
como se tudo não tivesse sido já feito
as recombinações de dna emergendo
a cada novo momento alguém nasce
e se uns têm cabelos vermelhos
outros acontecem ser espelhos
e se uns têm comichões lá dentro
outros acontecem ser tranquilos
clássica, metálica, jazzeada
cada alma tem
um ritmo, uma nota, uma pausa
um instrumento que a toque
um ouvido que a entenda
caixa de música torácica
vintage ou moderna
design coração de madeira
onde uma caneta dança
dando-lhe corda e vida
e andam às aranhas
as letras que se acham estranhas
à procura de etiquetas
tocando ao ritmo de outras caixas
que pena
não é a alma que é pequena
é a escuta que é surda
jigsaw
e soam picaretas ao ouvido
homens despidos na obra
a rádio toca piroseiras
e a casa cresce hora a hora
e a miúda aparece à janela
- que é esta merda?
e a campainha frenética
ignorada como é hábito
e a vizinha grita lá em baixo
- sou eu!
jigsaw abraçando a intrusão
a cidade está braseira
e a paciência já deu tostão
voltando lá dentro
e um cigarro para o tempo
que inferno de aquecimento
tudo rima com ardendo!
jigsaw abraça-me o cénico
cliva conciso o periférico
faz-me silêncio ao ouvido
tudo rimando com íntimo!
homens despidos na obra
a rádio toca piroseiras
e a casa cresce hora a hora
e a miúda aparece à janela
- que é esta merda?
e a campainha frenética
ignorada como é hábito
e a vizinha grita lá em baixo
- sou eu!
jigsaw abraçando a intrusão
a cidade está braseira
e a paciência já deu tostão
voltando lá dentro
e um cigarro para o tempo
que inferno de aquecimento
tudo rima com ardendo!
jigsaw abraça-me o cénico
cliva conciso o periférico
faz-me silêncio ao ouvido
tudo rimando com íntimo!
pixel de um puzzle de dentro
retrato de um acto cadente
amorfia em pedaço de gente
pincel de um génio doente
colocado debaixo do tapete
o ventre do soco do medo
e é já tempo de um enredo
na definição de um segredo
que quer sair do carrossel
pigmento que te deixas
perdido nas deixas do vazio
do momento te levanto
e é já tempo e é já tempo
de te remexeres por intento
e o livre arbítrio volveres
a ti mesmo
agitando tudo junto
e da cinza feia sopa
viveres
anda à roda nada anda
puxa a corda que te atrasa
anda arranca anda zanga
e afoga nessa mágoa
a primitiva essência
da sequência que condena
a tudo transforma
e tu tudo sem forma
que renova sem escolha
ou tu mesmo
negando tudo que sabes
e da cinza feia sopa
acordares
acordares
retrato de um acto cadente
amorfia em pedaço de gente
pincel de um génio doente
colocado debaixo do tapete
o ventre do soco do medo
e é já tempo de um enredo
na definição de um segredo
que quer sair do carrossel
pigmento que te deixas
perdido nas deixas do vazio
do momento te levanto
e é já tempo e é já tempo
de te remexeres por intento
e o livre arbítrio volveres
a ti mesmo
agitando tudo junto
e da cinza feia sopa
viveres
anda à roda nada anda
puxa a corda que te atrasa
anda arranca anda zanga
e afoga nessa mágoa
a primitiva essência
da sequência que condena
a tudo transforma
e tu tudo sem forma
que renova sem escolha
ou tu mesmo
negando tudo que sabes
e da cinza feia sopa
acordares
acordares
quinta-feira, 20 de junho de 2013
Babuínos..
são babuínos
roubando ruidosamente à vista de todos
propriedade, orgulho, honra
e a identidade perde idade
nesse entulho de vidas perdidas
tudo em saldo numa montra de mentiras
e numa selva de invejas
de domínio de força de papelagens
vamos dobrando as costas
andando de face junto à merda
não será muito diferente
de um cena de guerra
mas silenciosa e manipulativa
disfarçada de medidas
em nome de uma dita dívida
estamos todos exaustos
e completamente desacreditados
de nós mesmos- não vale a pena!
e a revolta daqueles que fizeram história
não se contém mas a idade já não perdoa
e os novos andam por aí deambulando
ao sopro do que os pais podem ir dando
e enquanto assim for, tranquilo!
os outros, os trintões, os quarentões
andam vestidos de pânico
levando ao colho os novos filhos
e o medo, porque uma família
já implica juízo!
então os babuínos
andam à solta
saqueando tudo em volta
livres de toda a culpa
ditadores de cérebros formados
em cursos de gestão e mau carácter
bem apresentados, bem falados
mas se for preciso, até a mãe leva no rabo!
- não vale a pena!
A dívida está quase paga não é?
E quem vai realmente solda-la?
Os filhos, os netos, os bisnetos
quando ficarem em casa
e a escola for transmitida
porque professores já era
ou a consulta for telefónica
porque hospitais já era
ou a comida for de plástico
porque a terra já era
já era
- mas não vale a pena não é?
Ainda vai havendo subsídios para o gasto
empregos e carreiras só emigrando
e de resto, eles é que sabem
porque eles é que mandam
roubando ruidosamente à vista de todos
propriedade, orgulho, honra
e a identidade perde idade
nesse entulho de vidas perdidas
tudo em saldo numa montra de mentiras
e numa selva de invejas
de domínio de força de papelagens
vamos dobrando as costas
andando de face junto à merda
não será muito diferente
de um cena de guerra
mas silenciosa e manipulativa
disfarçada de medidas
em nome de uma dita dívida
estamos todos exaustos
e completamente desacreditados
de nós mesmos- não vale a pena!
e a revolta daqueles que fizeram história
não se contém mas a idade já não perdoa
e os novos andam por aí deambulando
ao sopro do que os pais podem ir dando
e enquanto assim for, tranquilo!
os outros, os trintões, os quarentões
andam vestidos de pânico
levando ao colho os novos filhos
e o medo, porque uma família
já implica juízo!
então os babuínos
andam à solta
saqueando tudo em volta
livres de toda a culpa
ditadores de cérebros formados
em cursos de gestão e mau carácter
bem apresentados, bem falados
mas se for preciso, até a mãe leva no rabo!
- não vale a pena!
A dívida está quase paga não é?
E quem vai realmente solda-la?
Os filhos, os netos, os bisnetos
quando ficarem em casa
e a escola for transmitida
porque professores já era
ou a consulta for telefónica
porque hospitais já era
ou a comida for de plástico
porque a terra já era
já era
- mas não vale a pena não é?
Ainda vai havendo subsídios para o gasto
empregos e carreiras só emigrando
e de resto, eles é que sabem
porque eles é que mandam
Em Marrocos..
- deseja vir conhecer a nossa feira do livro?
Seguindo o moço, reparei que a porta do meu quarto estava aberta. Olhei lá para dentro e vi acessível a roubo o telefone, o meu e o dela. Escondi-os na pressa e quando saía olhei para aquilo que me pareceu uma estrutura de suporte de um berço. Ao redor procurei por ele e nada, pensei ser para casais com filhos. Havia uma poltrona de verga e uma cama, tudo decorado com o maior requinte. O hotel era um forte em Marrocos. Nunca lá estive. Segui então o moço e sempre à volta chegamos a uma sala varanda redonda. Do género de um primeiro andar com diferentes compartimentos abertos onde se vendiam latões de tudo. Azeitona preta, atum..pensei, então era aqui o bar do hotel.
Voltando atrás, tinha deixado na praia um grupo de pessoas que vinham comigo. Tínhamos trocado de sítio porque a água estava a subir. Toda aquela paisagem era de uma brancura cegante. A areia, a água transparente e o sol. Como se um sonho fosse dentro do mesmo. Quando o moço nos abordou e eu o segui chegou-me o pensamento de que não era desta que mergulhava, este ano não tinha ido à praia ainda. Mas qualquer coisa naquele convite era mais forte. Um mistério como se eu estivesse em busca de algo que nem eu sabia o quê mas de uma missão urgente se tratar. Fiz por acordar quando chegámos ao fim do primeiro andar do bar de latões porque me perdi com alguma coisa que já não me recordo. Acordei e estive a rever para trás, perdendo precisamente esse momento.
E uma estranheza no peito tem-me acompanhado no café e no cigarro da manhã.
quarta-feira, 19 de junho de 2013
a vida é só de passagem não é?
pavão para que é a última colecção?
tesos até ao osso e cheios de ouro
perdão, latão, blow this bling that
ma dread olha te ao espelho
já sabes o que tens por dentro?
os putos não entendem o exemplo
e se te copiam o estilo, ai cristo!
a vida é só de passagem não é?
o que diz a tua mensagem?
tenho procurado entende-la
mas tirando a roupa e o flash
a pose e a vaidade, e a verdade?
quem és tu? não sei se cheguei
algum dia a tocar-lhe e se amei
um homem que despido, era bonito
o rei vai nú
vamos leva-lo ao colo
pavão para que é a última colecção?
tesos até ao osso e cheios de ouro
perdão, latão, blow this bling that
ma dread olha te ao espelho
já sabes o que tens por dentro?
os putos não entendem o exemplo
e se te copiam o estilo, ai cristo!
a vida é só de passagem não é?
o que diz a tua mensagem?
tenho procurado entende-la
mas tirando a roupa e o flash
a pose e a vaidade, e a verdade?
quem és tu? não sei se cheguei
algum dia a tocar-lhe e se amei
um homem que despido, era bonito
o rei vai nú
vamos leva-lo ao colo
não serão precisas falas
nesse diálogo de corpo
nem lençóis ou cama
céu estrelas ou tempo
palavras bonitas ditas
prometidas e fingidas
não serão precisos
sequer olhos abertos
mãos que sabem o caminho
seguindo o ritmo cardiaco
gemendo suando em delírio
de um encontro tão desejado
não será preciso um adeus
nem sequer sentir saudade
ou um nome uma data
para ser lembrada
não serão precisas mais vidas?
que as espirais se vão contorcendo
e de tempos em tempos
pontos convergentes nos vão
encontrando
Gesto Seco
rimas gémeas fazendo parelha
tal acendalha na minha malha
frente a frente agente se entende
mão na minha quebra de página
-fuck them all
she can say
4 por 4 como quarto de papo
bota parágrafo solta o agrafo
parte de marte a nave da arte
quer encontrar te ser devorar
- fuck them all
she can say
mostra cosa nostra aposta-te
do ovo do mosto entende-te
que outro rosto seria oposto
fazendo o mesmo por gosto
- fuck them all
she can say
gesto seco esse de ser avesso
ninguém entende se corrente
anda presa alma pesa pensa
liberdade a cada frase faz-se
-fuck them all
she can say
fuck
fuck
fuck
tal acendalha na minha malha
frente a frente agente se entende
mão na minha quebra de página
-fuck them all
she can say
4 por 4 como quarto de papo
bota parágrafo solta o agrafo
parte de marte a nave da arte
quer encontrar te ser devorar
- fuck them all
she can say
mostra cosa nostra aposta-te
do ovo do mosto entende-te
que outro rosto seria oposto
fazendo o mesmo por gosto
- fuck them all
she can say
gesto seco esse de ser avesso
ninguém entende se corrente
anda presa alma pesa pensa
liberdade a cada frase faz-se
-fuck them all
she can say
fuck
fuck
fuck
locomotiva vida
passa passa passagem de nível
locomotiva louca sensível vida
coma com pão à mão não dão
seja seja a cega leva desta seta
pega cresce pegada sobe desce
anda à roda andamento à cova
unha que se desunha de cunha
lua lullaby bye bye spider guy
passa passa pássaro rouco oco
triângulo semântico ficou giro
se seu sorriso quântico eu tiro
mãe tem veneno e demoníaco
olho clínico o cínico tísicú-cu
bate a hora cabe toda na boca
lulu a cachorra da senhora D.
memé a carneira e da carteira
cai conta da torneira da água
e a saia que descaia à menina
passa passa meia volta à rua
locomotiva puta de vida suja
locomotiva louca sensível vida
coma com pão à mão não dão
seja seja a cega leva desta seta
pega cresce pegada sobe desce
anda à roda andamento à cova
unha que se desunha de cunha
lua lullaby bye bye spider guy
passa passa pássaro rouco oco
triângulo semântico ficou giro
se seu sorriso quântico eu tiro
mãe tem veneno e demoníaco
olho clínico o cínico tísicú-cu
bate a hora cabe toda na boca
lulu a cachorra da senhora D.
memé a carneira e da carteira
cai conta da torneira da água
e a saia que descaia à menina
passa passa meia volta à rua
locomotiva puta de vida suja
conversas com Deus
as contas do meu terço
escutam o que vai cá dentro
Deus, se te agradeço
é porque me sinto em paz
faz de conta que aceitas
que sou tua filha de berço
porque não crescem as plantas
e o meu leite seca no peito
orar se me acalma
estou cansada de lutar
em todas as linhas
há-de haver uma rima
tão certa, tão minha
és tu? que me assumes raiva
estás em toda a parte
e não te sinto em nada
ingrata?
não saberei olhar
então ensina-me
não falo só em meu nome
o que fazem os homens de si?
o que fazem eles aqui?
guerra, fome, doença, morte
ódio, inveja, roubo, mentira
deste inteligência e afecto
a animais que coleccionam
materiais
controlo, poder, fronteiras
identidade, cultura, leis
sociedades inteiras
doentes
aqui faltam profetas
que falem da terra
da partilha
do amor
da vida
Deus, acho que o limbo
é aqui mesmo
dividindo, os que têm
dos que sentem
que importam os meus pecados
diante de tudo o que te falo
diz-me lá se relatividade
não faz de mim sua santidade?
se não te agrada manipulação
porque me há-he agradar a mim
é isso que fazes não é?
para que haja equilíbrio
és tu o céu e o inferno
é isso que somos
projecção desse espelho
como te disse
eu entendo
por isso, estou em paz
e tu sabes
que são sempre compassos de espera
para outros estados inquietos
não foi também essa inquietude
que te fez regressar?
a morte é demasiado
silenciosa
antes de todas as palavras
estarem cá fora
...
escutam o que vai cá dentro
Deus, se te agradeço
é porque me sinto em paz
faz de conta que aceitas
que sou tua filha de berço
porque não crescem as plantas
e o meu leite seca no peito
orar se me acalma
estou cansada de lutar
em todas as linhas
há-de haver uma rima
tão certa, tão minha
és tu? que me assumes raiva
estás em toda a parte
e não te sinto em nada
ingrata?
não saberei olhar
então ensina-me
não falo só em meu nome
o que fazem os homens de si?
o que fazem eles aqui?
guerra, fome, doença, morte
ódio, inveja, roubo, mentira
deste inteligência e afecto
a animais que coleccionam
materiais
controlo, poder, fronteiras
identidade, cultura, leis
sociedades inteiras
doentes
aqui faltam profetas
que falem da terra
da partilha
do amor
da vida
Deus, acho que o limbo
é aqui mesmo
dividindo, os que têm
dos que sentem
que importam os meus pecados
diante de tudo o que te falo
diz-me lá se relatividade
não faz de mim sua santidade?
se não te agrada manipulação
porque me há-he agradar a mim
é isso que fazes não é?
para que haja equilíbrio
és tu o céu e o inferno
é isso que somos
projecção desse espelho
como te disse
eu entendo
por isso, estou em paz
e tu sabes
que são sempre compassos de espera
para outros estados inquietos
não foi também essa inquietude
que te fez regressar?
a morte é demasiado
silenciosa
antes de todas as palavras
estarem cá fora
...
velas que ardem ao anoitecer
nota-se a cassiopeia a acender
milagres boreais escrevendo
no céu
tudo é teu, tudo é teu
onde a seara se torna negra
nos toca pela cintura
animais se escondem
à terra
somos era , somos era
a árvore da vida
o sol incendeia
nos corre na veia
a volta inteira
de braços abertos
comendo de força
a vingança nos versos
desta vida e não outra
velas que ardem ao anoitecer
queimando o ar que respiro
quantas auroras para estar vivo?
sexta-feira, 14 de junho de 2013
uma colher de papa
uma história de fadas
ou será de sopa
e a história tem farpas?
mimo e embalo
crescer de um só trago
dois passos e já tirou a fralda
e vai para a escola carregada
mundo da lua e um balão na rua
não aprende porque é distraída
volta ao lugar e mais uma linha
composição primeira e magia
e depois dessa, nunca mais fim
letra a letra, poeta assim...
uma história de fadas
ou será de sopa
e a história tem farpas?
mimo e embalo
crescer de um só trago
dois passos e já tirou a fralda
e vai para a escola carregada
mundo da lua e um balão na rua
não aprende porque é distraída
volta ao lugar e mais uma linha
composição primeira e magia
e depois dessa, nunca mais fim
letra a letra, poeta assim...
Kali Ma
degrau a degrau
ainda agora aqui
e do nada já não
e lá em baixo
os teus braços apertam
os versos
Como se o corpo
se fosse enrolando
e com as mãos
se esticasse em fio
até invisível chegar
ao vazio
porque sopraste
como se vento
andando por aí
por cantos
batendo de frente
com estranhos
por um ouvido
ou uma boca
uma janela
ou uma ferida
entrando
de clandestina
ficando por acaso
por ser leve
a existência
nas dobradiças
dos dedos
se esconde terra
de tanta força
a insistência
fala comigo
causa materna
lava a alma
na água sagrada
Kali
dá-me vida
do meu sangue
se já levaste
devolve!
degrau a degrau
ainda agora aqui
e do nada já não
e lá em baixo
os teus braços apertam
os versos
Como se o corpo
se fosse enrolando
e com as mãos
se esticasse em fio
até invisível chegar
ao vazio
porque sopraste
como se vento
andando por aí
por cantos
batendo de frente
com estranhos
por um ouvido
ou uma boca
uma janela
ou uma ferida
entrando
de clandestina
ficando por acaso
por ser leve
a existência
nas dobradiças
dos dedos
se esconde terra
de tanta força
a insistência
fala comigo
causa materna
lava a alma
na água sagrada
Kali
dá-me vida
do meu sangue
se já levaste
devolve!
e fazem-se carregamentos
upgrades na motherboard
novas linhas ao evangelho
pontos que se limam no ego
revisões dos dias passados
cabelos brancos madeixados
notas acrescentadas na pauta
versos maduros caem da cabeça
à espera que algo aconteça
rodopiando a vida
numa feira de acontecimentos
nas voltas de gente atarefada
que a força desenha nos céus
asas de querer chegar longe
que lá a vista é mais grande
rodopiando os anos
de dentro da memória
saltando momentos
enaltecendo outros
já disse antes,
andar para trás e para frente
ser viajante
de paisagens felizes
isso é ter saudade
a toda a hora
do que já foi
porque tudo é vivido
em consentido ecstase
aquele brilho nos olhos
que se renova de íntimas
histórias de gente
upgrades na motherboard
novas linhas ao evangelho
pontos que se limam no ego
revisões dos dias passados
cabelos brancos madeixados
notas acrescentadas na pauta
versos maduros caem da cabeça
à espera que algo aconteça
rodopiando a vida
numa feira de acontecimentos
nas voltas de gente atarefada
que a força desenha nos céus
asas de querer chegar longe
que lá a vista é mais grande
rodopiando os anos
de dentro da memória
saltando momentos
enaltecendo outros
já disse antes,
andar para trás e para frente
ser viajante
de paisagens felizes
isso é ter saudade
a toda a hora
do que já foi
porque tudo é vivido
em consentido ecstase
aquele brilho nos olhos
que se renova de íntimas
histórias de gente
sábado, 8 de junho de 2013
Para uma tarde de chuva
Para uma tarde de chuva
posso querer enroscar-me na cama
posso querer comer marshmallows
derretidos na lareira ou misturados em gelado
e ler um capítulo de um romance
ou depositar o olhar sobre o gato
horas a fio esquecendo-me do tempo
ou fazer amor contigo
ou deitar a cabeça no teu peito
ou ver um filme antigo
penteando o cabelo
posso procurar versos pelos pingos de chuva
ou desenhos abstractos nos novelos de nuvem
posso fechar os olhos e imaginar-me
passeando de sombrinha
numa rua cinzenta lisboeta
posso dormir a sesta
posso fazer bolachas de amêndoa
ou beber um copo vinho
e fumar a onça a eito
tomar um banho de óleos
pintar o corpo a henna
ou fazer festas na cadela
posso
posso querer enroscar-me na cama
posso querer comer marshmallows
derretidos na lareira ou misturados em gelado
e ler um capítulo de um romance
ou depositar o olhar sobre o gato
horas a fio esquecendo-me do tempo
ou fazer amor contigo
ou deitar a cabeça no teu peito
ou ver um filme antigo
penteando o cabelo
posso procurar versos pelos pingos de chuva
ou desenhos abstractos nos novelos de nuvem
posso fechar os olhos e imaginar-me
passeando de sombrinha
numa rua cinzenta lisboeta
posso dormir a sesta
posso fazer bolachas de amêndoa
ou beber um copo vinho
e fumar a onça a eito
tomar um banho de óleos
pintar o corpo a henna
ou fazer festas na cadela
posso
que eu quero refinar te, ó tu que existes
fora de leis destes tristes mortais
caso de seres tão à parte
que eu quero e que batas descortinado
nesse descompasso severo
elefante sagrado do meu terraço
quero ir mais alto, gritando do telhado
passageiro clandestino rasgo
da raiz apenas um trago amargo
quero a teimosia de criança mimada
piloto automático e travão
avariado tudo em caso de aflição
ó tu que dizes que és tu
que directrizes pus para que batimento
fosse do tamanho do oceano
devassidão de vontade dilacerada
aquieta-te aí um pouco
enquanto o voo se alinha
ao horizonte
fora de leis destes tristes mortais
caso de seres tão à parte
que eu quero e que batas descortinado
nesse descompasso severo
elefante sagrado do meu terraço
quero ir mais alto, gritando do telhado
passageiro clandestino rasgo
da raiz apenas um trago amargo
quero a teimosia de criança mimada
piloto automático e travão
avariado tudo em caso de aflição
ó tu que dizes que és tu
que directrizes pus para que batimento
fosse do tamanho do oceano
devassidão de vontade dilacerada
aquieta-te aí um pouco
enquanto o voo se alinha
ao horizonte
quinta-feira, 6 de junho de 2013
a verdade dói
a maioria das pessoas prefere
não saber não entender
a existência passa a ser
uma máscara que acalma
linear e discreta
ser por dentro um lugar
quieto e simples
de quotidianas tarefas
estruturando o desconhecido
empurrando os dias
que passam iguais a si mesmos
mas tranquilos
a verdade dói
sobretudo quando insistimos
em não vê-la como é
raciocina-la, racionando a felicidade
que afinal não é assim tão plena
que afinal longe de perfeita
e em última instância
o derradeiro ansiolítico:
a realidade não é o queremos dela
por isso, aceitá-la como é
resignados, mas calmos
e aos poucos vamos
deixando de lado sonhos
ideias futuradas de nós
da nossa única vida
vamos deixando de parte
a existência consciente
porque não queremos mais
porque não há mais nada
porque...quem disse?
a preguiça, a fraqueza
o conforto, o conformismo
o estado, o dinheiro
tantos nomes para a
negligência do compromisso
único ao nascer:
ser!
e nada disto é simples
porque dói,
magoa uma porta fechada
magoa um amor iludido
magoa um filho diferente
magoa a conta a vencer
magoa a hora a matar-nos
no emprego que tem de ser
magoa os anos voarem
magoa as nossas limitações
magoa as limitações dos outros
magoa
mas sem dor
como podemos sentir
o prazer?
prazer de ser
EU!
a maioria das pessoas prefere
não saber não entender
a existência passa a ser
uma máscara que acalma
linear e discreta
ser por dentro um lugar
quieto e simples
de quotidianas tarefas
estruturando o desconhecido
empurrando os dias
que passam iguais a si mesmos
mas tranquilos
a verdade dói
sobretudo quando insistimos
em não vê-la como é
raciocina-la, racionando a felicidade
que afinal não é assim tão plena
que afinal longe de perfeita
e em última instância
o derradeiro ansiolítico:
a realidade não é o queremos dela
por isso, aceitá-la como é
resignados, mas calmos
e aos poucos vamos
deixando de lado sonhos
ideias futuradas de nós
da nossa única vida
vamos deixando de parte
a existência consciente
porque não queremos mais
porque não há mais nada
porque...quem disse?
a preguiça, a fraqueza
o conforto, o conformismo
o estado, o dinheiro
tantos nomes para a
negligência do compromisso
único ao nascer:
ser!
e nada disto é simples
porque dói,
magoa uma porta fechada
magoa um amor iludido
magoa um filho diferente
magoa a conta a vencer
magoa a hora a matar-nos
no emprego que tem de ser
magoa os anos voarem
magoa as nossas limitações
magoa as limitações dos outros
magoa
mas sem dor
como podemos sentir
o prazer?
prazer de ser
EU!
Palavra do dia: monofobia
ilhéus negligenciados pela degradação do homem
unhas que crescem selvagens enrolando em caracol
a pele que seca como sardinha ao sol, salgadeiras
entorpecidas pela ausência do tempo que não passa
totem de carcaças, frutos caindo à gravidade
silêncios que nascem de madrugada, desertos
que a morte não alcança porque está sozinha
memória de peixe a um destino desaparecido
e caindo de balão, o chão crescendo veloz
o coração que é lenitivo, e a maré encolhe
esse corpo que dorme imóvel paradigma
de um repouso imposto pela chegada à ilha
traficando depois fluídos inquietos de dentro
às pedras aos troncos às grutas aos tombos
e crescendo um abrigo nas amarras o cabelo
lá vem chuva e trovão passando-lhe ao lado
tudo isso é em vão
na impossibilidade o paraíso encantado
de não ser livre por não ser capaz de só
existindo cambaleante à mercê do alheio
tudo isso é em vão
lá o mar engole, carrilhado na angústia
aterra, que a noite acelera o entremeio
escura a lua, tapada da tua veemência
unhas que crescem selvagens enrolando em caracol
a pele que seca como sardinha ao sol, salgadeiras
entorpecidas pela ausência do tempo que não passa
totem de carcaças, frutos caindo à gravidade
silêncios que nascem de madrugada, desertos
que a morte não alcança porque está sozinha
memória de peixe a um destino desaparecido
e caindo de balão, o chão crescendo veloz
o coração que é lenitivo, e a maré encolhe
esse corpo que dorme imóvel paradigma
de um repouso imposto pela chegada à ilha
traficando depois fluídos inquietos de dentro
às pedras aos troncos às grutas aos tombos
e crescendo um abrigo nas amarras o cabelo
lá vem chuva e trovão passando-lhe ao lado
tudo isso é em vão
na impossibilidade o paraíso encantado
de não ser livre por não ser capaz de só
existindo cambaleante à mercê do alheio
tudo isso é em vão
lá o mar engole, carrilhado na angústia
aterra, que a noite acelera o entremeio
escura a lua, tapada da tua veemência
quarta-feira, 5 de junho de 2013
As pessoas como eu não têm memória
como o mar na areia as coisas se afundam
as palavras que descubro guardo-as logo
já sei que em pouco tempo, serão esfumadas
tal como nomes, conhecimentos, história
esse tipo de coisas são efémeras
e ás vezes depois de usadas as palavras
anos passados e já não saber o que queria dizer
donde meu auxílio são dicionários de encanto
palavras que leio e que acordam em mim
uma beleza profunda e guardo-as para mais tarde
tenho muitos, muitos cemitérios de palavras
à espera de serem vivos na minha memória
instantânea
tenho pena de assim ser, seria tão mais culta
tão mais talentosa, tão mais inspirada
não serei eu senão chula da palavra
que depois de usada volta a ser desconhecida
depois de lidos, tantos outros vão ao vazio
depois de ouvidos tantos são os que se vão
mas há coisas que a minha memória retém
selectiva a cabra, momentos e pessoas
palavras faladas, ditas por bocas que eu senti
em horas que com elas vivi
essas, cá ficam, algumas delas até indesejadas
mas que fazer? treiná-la, medicamentá-la?
ignorar e dar-me por satisfeita por saber
usa-la na hora certa, perdão, na escrita
porque falada, infeliz, vem sempre errada!
como o mar na areia as coisas se afundam
as palavras que descubro guardo-as logo
já sei que em pouco tempo, serão esfumadas
tal como nomes, conhecimentos, história
esse tipo de coisas são efémeras
e ás vezes depois de usadas as palavras
anos passados e já não saber o que queria dizer
donde meu auxílio são dicionários de encanto
palavras que leio e que acordam em mim
uma beleza profunda e guardo-as para mais tarde
tenho muitos, muitos cemitérios de palavras
à espera de serem vivos na minha memória
instantânea
tenho pena de assim ser, seria tão mais culta
tão mais talentosa, tão mais inspirada
não serei eu senão chula da palavra
que depois de usada volta a ser desconhecida
depois de lidos, tantos outros vão ao vazio
depois de ouvidos tantos são os que se vão
mas há coisas que a minha memória retém
selectiva a cabra, momentos e pessoas
palavras faladas, ditas por bocas que eu senti
em horas que com elas vivi
essas, cá ficam, algumas delas até indesejadas
mas que fazer? treiná-la, medicamentá-la?
ignorar e dar-me por satisfeita por saber
usa-la na hora certa, perdão, na escrita
porque falada, infeliz, vem sempre errada!
O harpista
numa cidade sem cais
tocava desafinado
um harpista
com estremeção
aqueles dedos de gesso
encostados às cordas da tripa
soavam como juncais de ruído feio
e aos ouvidos a densidade era tal opulenta
que a cidade ficava deserta
o harpista não tinha ouvido
e tão pouco aprendido música
sentia que o ruído era mortificante
mas falante da sua arrogância
considerava-o deslumbrante
esse amor tão a si próprio
que tantos invejavam por não tê-lo
porque os seus espelhos não mentiam
era tão verdadeiro como vital
já dado morto logo ao natal
o harpista teve um filho
pianista
mão leve como papagaio de papel
ouvido absoluto abissal
tal arquétipo ainda não existente
mas como gente não se amava
a alma tratava a chinelo
como tapete para o ego
que fazer
se o universo não é perfeito
arrematar-lhe com a ironia
própria de quem não tem
um nem outro:
o invejoso
e diz então assim:
-o primeiro é um vaidoso
e o segundo vaidoso é
não é assim?
tocava desafinado
um harpista
com estremeção
aqueles dedos de gesso
encostados às cordas da tripa
soavam como juncais de ruído feio
e aos ouvidos a densidade era tal opulenta
que a cidade ficava deserta
o harpista não tinha ouvido
e tão pouco aprendido música
sentia que o ruído era mortificante
mas falante da sua arrogância
considerava-o deslumbrante
esse amor tão a si próprio
que tantos invejavam por não tê-lo
porque os seus espelhos não mentiam
era tão verdadeiro como vital
já dado morto logo ao natal
o harpista teve um filho
pianista
mão leve como papagaio de papel
ouvido absoluto abissal
tal arquétipo ainda não existente
mas como gente não se amava
a alma tratava a chinelo
como tapete para o ego
que fazer
se o universo não é perfeito
arrematar-lhe com a ironia
própria de quem não tem
um nem outro:
o invejoso
e diz então assim:
-o primeiro é um vaidoso
e o segundo vaidoso é
não é assim?
Parties e Groupies
Parties e Groupies
de mãos dadas como loopis
este governo tá na moda
como uma guest list
preenchida com a best shit
Na Sagrada Assembleia
onde não falta a pança cheia
é diário o live set
no canal 5 o livestream
aos comandos o selecta
Mão-Leve
e tá na moda o comment
e o like e o share
e até o discurso na wall
of infame!
e tá na moda ser against
e postar paródia pseudo
tá na moda
EXistenZ
fomos transferidos para O sítio
com pseudónimos bonitos
onde somos todos anarcas
porque isso da esquerda
já passou afinal, de moda!
Ahh, Parties e Groupies
desfilando de litrosa
a chama acesa imperiosa
de INEXistenZ
de mãos dadas como loopis
este governo tá na moda
como uma guest list
preenchida com a best shit
Na Sagrada Assembleia
onde não falta a pança cheia
é diário o live set
no canal 5 o livestream
aos comandos o selecta
Mão-Leve
e tá na moda o comment
e o like e o share
e até o discurso na wall
of infame!
e tá na moda ser against
e postar paródia pseudo
tá na moda
EXistenZ
fomos transferidos para O sítio
com pseudónimos bonitos
onde somos todos anarcas
porque isso da esquerda
já passou afinal, de moda!
Ahh, Parties e Groupies
desfilando de litrosa
a chama acesa imperiosa
de INEXistenZ
Sakura Mente
Cerejeira Japonesa
a minha mente navega em botões de rosa
quantas são as pestes da babilónia?
nesse sortido de cénicos movimentos
o pátio onde os teus pés permanentes
a capicua desfiando o comulativo
de motes abreviando pensativa
essa emergência de seres descrita
Cerejeira Japonesa
a minha mente navega ilesa
nesse jardim centenário
o subverso abissal
explicando a amplidão do universo
afinal em ânforas de intelecto
tudo em pétalas desfiado
quantas são as pestes da babilónia?
ser hospedeiro gramático
da frívola mão um escravo
de cuco gatilho a diesel
ou arlequim analógico
no carrossel da assincronia
tal Inverno despido
minha Sakura de plástico!
a minha mente navega em botões de rosa
quantas são as pestes da babilónia?
nesse sortido de cénicos movimentos
o pátio onde os teus pés permanentes
a capicua desfiando o comulativo
de motes abreviando pensativa
essa emergência de seres descrita
Cerejeira Japonesa
a minha mente navega ilesa
nesse jardim centenário
o subverso abissal
explicando a amplidão do universo
afinal em ânforas de intelecto
tudo em pétalas desfiado
quantas são as pestes da babilónia?
ser hospedeiro gramático
da frívola mão um escravo
de cuco gatilho a diesel
ou arlequim analógico
no carrossel da assincronia
tal Inverno despido
minha Sakura de plástico!
Excertos de um Diário de Bordo
I
e em tudo um acorde que o levante ao longe
no alto do monte um avião vai rasante
tocando no peito o arvoredo, quase corte de cabelo
ainda procuro vê-lo com os olhos no horizonte
ainda procuro vê-lo com os olhos do mágico
com que brincas inquieto na plataforma visual
e encontras um canal, nesse voo de ágil Gaio
...
Olha ali os carros tão pequeninos
parecendo miniaturas
é a cidade se movendo em arquitecturas
como anéis de formatura, ela promete
uma cidade tão grande, há-de ter lugar para toda a gente!
...
e o deslumbre aconteça, descer o rio e a praça
e ao invés de lusco fusco, o tempo seja uma farsa
aqui sinto-me em casa, nessa manta anti traça
não há frio que m´invada nem brinquedo careta
...
Excertos de um Diário de Bordo
-Tentando sair do mundo cibernautico
e em tudo um acorde que o levante ao longe
no alto do monte um avião vai rasante
tocando no peito o arvoredo, quase corte de cabelo
ainda procuro vê-lo com os olhos no horizonte
ainda procuro vê-lo com os olhos do mágico
com que brincas inquieto na plataforma visual
e encontras um canal, nesse voo de ágil Gaio
...
Olha ali os carros tão pequeninos
parecendo miniaturas
é a cidade se movendo em arquitecturas
como anéis de formatura, ela promete
uma cidade tão grande, há-de ter lugar para toda a gente!
...
e o deslumbre aconteça, descer o rio e a praça
e ao invés de lusco fusco, o tempo seja uma farsa
aqui sinto-me em casa, nessa manta anti traça
não há frio que m´invada nem brinquedo careta
...
Excertos de um Diário de Bordo
-Tentando sair do mundo cibernautico
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