Kali Ma
degrau a degrau
ainda agora aqui
e do nada já não
e lá em baixo
os teus braços apertam
os versos
Como se o corpo
se fosse enrolando
e com as mãos
se esticasse em fio
até invisível chegar
ao vazio
porque sopraste
como se vento
andando por aí
por cantos
batendo de frente
com estranhos
por um ouvido
ou uma boca
uma janela
ou uma ferida
entrando
de clandestina
ficando por acaso
por ser leve
a existência
nas dobradiças
dos dedos
se esconde terra
de tanta força
a insistência
fala comigo
causa materna
lava a alma
na água sagrada
Kali
dá-me vida
do meu sangue
se já levaste
devolve!
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