quarta-feira, 26 de junho de 2013

da cama para a mesa
da mesa para a cama
a bateria a ferver
e a chapa da máquina
a explodir

ela e eu
não corre uma puta de uma brisa
diz que a culpa é do telhado
quem me mandou a mim
só vê-la por dentro

e em dias como este
duplico a inquietude
de noite anda tudo pela casa
que a cama parece fornalha

sem dormir, sem comer
a escrita não sai senão palha
Deus o valha que o tempo é canalha
é o sol a ruir ora a chuva a cair
mas onde ficou a Primavera?

-está fresquinho!
é esse mesmo o termo
e ao fechar os olhos o mar
a sombra e o vento

e na minha cabeça
não se calam coitadas
como se agasalhadas
à lareira fumadas
queixosas as palavras

e não se pode desejar
chuva
porque a miséria aguça
então água fria
no regador os pés
e na bacia, a cabeça!

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