quarta-feira, 5 de junho de 2013

As pessoas como eu não têm memória
como o mar na areia as coisas se afundam
as palavras que descubro guardo-as logo
já sei que em pouco tempo, serão esfumadas
tal como nomes, conhecimentos, história
esse tipo de coisas são efémeras
e ás vezes depois de usadas as palavras
anos passados e já não saber o que queria dizer
donde meu auxílio são dicionários de encanto
palavras que leio e que acordam em mim
uma beleza profunda e guardo-as para mais tarde
tenho muitos, muitos cemitérios de palavras
à espera de serem vivos na minha memória
instantânea

tenho pena de assim ser, seria tão mais culta
tão mais talentosa, tão mais inspirada
não serei eu senão chula da palavra
que depois de usada volta a ser desconhecida
depois de lidos, tantos outros vão ao vazio
depois de ouvidos tantos são os que se vão

mas há coisas que a minha memória retém
selectiva a cabra, momentos e pessoas
palavras faladas, ditas por bocas que eu senti
em horas que com elas vivi
essas, cá ficam, algumas delas até indesejadas
mas que fazer? treiná-la, medicamentá-la?
ignorar e dar-me por satisfeita por saber
usa-la na hora certa, perdão, na escrita
porque falada, infeliz, vem sempre errada!



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