segunda-feira, 2 de março de 2015

Bali



foi do despertar de um sonho que compreendi
que muito mais há que apenas este aqui
depois de chorar pelo rosto desaparecido
ao encontrar me sozinho, sabe-se lá onde
na casa de banho diante do espelho fumado
agora mais dois ou duas, o rosto se ia trocando
e foi então que alguém disse:
-anda, por aqui, a casa vai dar ao outro lado.
e lá estão eles, nos tempos livres, vêm-nos ver

e fomos por esse corredor de uma grande casa
de madeiras envernizadas, e desse outro lado
o que poderia chamar do mais paraíso dos Bali,
embora nunca lá tenha estado, assim imaginado.
tambores, homens de chapéus redondos
cozinhando nas poças das rochas, e um homem
lá no alto gerindo uma fogueira com 4 braços.
Peguei nas travessas do cabelo dele e penteei
o meu da mesma forma, embrulhado, embaraçado.
Ao ver que o dele se havia desmanchado tentei
compo-lo. Donde me disse:
-Tu só tens esse cabelo? Mostra-me o teu pescoço.
E olhando para o outro acenou afirmativamente.
-Vamos comer.
E eu pensei que nada tinha nos bolsos para pagar.
Um homem daqueles que sentado cozinhava
deu-me a provar uma coisa escura enrolada viscosa.
Sabia a mar, salgada e estranha. Mas a fome apertava.
E eis que o outro disse:
Apetece-me antes uma açorda.

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