segunda-feira, 9 de março de 2015
Três pássaros voando
quando os primeiros raios de sol caíram
nas fachadas dos corpos agora ígneos
três pássaros no céu um triângulo semântico
atravessando a avenida já vigilante
para se juntarem ao bando
na animosidade de um para-peito
e o olhar regressando ao que se deita
no mais frio dos lençóis de betão
de uma cidade sempre branca.
é a viagem do elefante
essa besta que levita dos sonhos diurnos
brava errando em mil aspersores
de boa noite, bom dia, minha vida
e tê-lo ao ouvido quando se cerram as pálpebras
é todo um compromisso de lhe ser sincera
as chamadas sanguinárias
batem as doze badaladas de meios dias
ao relento um castelo de cartas
são as brasas dos resquícios da madeira
donde esculpiram as nossas asas
e agora são as pegadas que enterram
um tempo que não flutua
na solitude de uma pedra
ou de uma alma empedrada
ou de uma estátua esquecida numa praça
mas de uma tromba arqueada
o elefante derruba a arquitectura
e da sua ampla nuca tudo mundos extensos
na abertura do seu terceiro olho
tudo mantos de idílicos momentos
que havia vivido sem se dar conta
e assim, transparente aos rasgos da morte
autómato no seu passo consciente
pega de empréstimo a vontade
a um avião de partida no aeroporto
apenas para ver a cidade de cima
descrevendo
triângulos de voos semânticos
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