segunda-feira, 2 de março de 2015
Uma casa amarela
sinto que a noção das palavras se esclarece
que são raras as vezes que nos estão alheias
-falha-lhe do desânimo e das dívidas...
no retrato de uma velha senhora da província
a intensidade do seu trabalho na toxicidade
as rugas falando do sol, da chuva e do frio
dos campos e trabalhos forçados impressos
sinto que as palavras não têm mais noção
da necessidade delas mesmas nutritivas
e os pontos negros que representam no mapa
ou a travessa de batatas são os maníacos olhos
caldeiras de girassóis consumidos de labaredas
-então porque mutilaste a orelha e não esses?
o mundo mudou mas a necessidade de cor
entre as mãos que se enlaçam, não, não vês?
e se discutem sem cansaço, de uma electricidade
de excessos para depois em carta, confessos
-paixão, sofrimento e apelo
e houve então passos bruscos, as paredes caiadas
de borrões de abstração incómoda, toalhas atiradas
manchadas de sangue. Em delírio furioso, encerrado
num quarto.
Tudo não podia ser apenas uma doideira de artista?
E regressa ávido à casa amarela.
-Pinta as paisagens para lá da tua janela!
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