terça-feira, 23 de julho de 2013

Maria da Guarda - Versão Parola


comprei-lhe uma cesta de vime
deixei-a na estrada e disse-lhe:
-gente caída do ventre
que te dê boleia ao oriente

ainda menina em corpo de leite
sozinha despida de mau azeite
cândida rolada à mão da enxada
o mundo avista no fim da geada

sou camionista de voz sulista
quero te bem onde ninguém
deixo-te carga amargurada
e assim Maria emprenhada

e da barriga sai a dor parindo
e já são duas ao mundo pedindo
santa que me acolha nesta hora
tende misericórdia e uma cama

vai lavando escadas de gachas
nas costas a idade dobra vida
de crescer e amar uma criança
que fora sem ventura a fiança

-mãe, o que é ser-se feliz?
para mim é ser mãe, para ti
é seres alguém









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