sai a morte cuspida vomitada
sai tudo de dentro num grito de silêncio
apagando amansando uma dor medonha
sai até a própria alma esmagada monstra
e fica para encarar alguém que por aqui anda
que em nada toca a perfeição e por isso é humana
que nem as palavras chegam porque não contêm
não chega viver dentro de um poema de conforto
quando por dentro te sentes morto
e a morte sai finalmente cuspida vomitada
e o que fica dentro do nada é afinal a vida
agarrada com as duas mãos em fúria
e não há forma suave ou delicada de o fazer
não se pode ficar pela metade ou dividir em partes
parece mais fácil mas é apenas um adiar o inevitável
matei-me
de uma só vez
de um só tiro de uma só bala
que havia guardada em todas as palavras
- e o que vais fazer daqui para a frente?
por enquanto nada rigorosamente nada
vou parar pausar acalmar procurar depois
depois se vê depois se começa depois se
nasce outra vez se encontra se refaz
qualquer coisa mesmo que pouca simples
vagarosa seja porque assim tem de ser
assim tem de ser
Sem comentários:
Enviar um comentário