terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Nos pedais do tempo




A bicicleta pedalava no instinto 
de uma recordação de menino
a síncope de uma emoção-ira
manicómios de melancolia
hipo reacção nervosa de limbo.
a simples presença de um balde
onde se banhava por baixo 
das escadas, um pau e uma bola
a baliza um buraco na camisa
das glândulas, coração, vísceras
a consciência do risível objecto
-sinto-me ridículo neste assento.
e a ideia venceu, atenta primária
mãos ao volante aviador errante
dos travões ainda o processo rival
linhas oblíquas do simbólico 
o sinal do espelho metabólico.
Travar? Travar para quê?
a justeza de um minúcio medo
de ser paciente de um corpo frágil
Hoje, o joelho é mapa de estrada
e a cabeça uma estrada sem mapa.
Mas a bicicleta ainda pedala
vital de ideia própria, imaginária.
Quisera ele pedalar com ela
se as suas pernas ainda fossem
as do menino histérico-limbo
feliz nessa manhã de aniversário.



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