quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Poemar-Hit




é um verbo vital anti-riscos anti-reflexos
uma galharda onde o pai o filho e a obra
se campeiam, de alfarda a poesia enfarta
é todo um folclore, novo cavalo de Tróia
balbuciar ditos arrancados à força, vetos
de um edifício sobre a água, perpetração
quintal de ervas daninhas de vil extinção
execução de quem o é, a execução de pé
acrobatas de gula anónima visco elástica
proto-sensório-à-distância vareta volante
sommier elevatório, tabuleiro derrubado
formato acústico-silencioso, água morna
de imberbes, arpoar as peles da cara seca
descolar de dentro é um desfile trapalhão
boneco de pelúcia, croutons encharcados
na sopa hectares de pomposos Gremlins,
cestos de begónias em flor na Primavera
e o poeta não é senão esteva, hera, fúcsia.

onde se projecta como lobo sem matilha
porque o caminho é um atilho sem saída
flipper de zipper entalado, ou enlatado
no labirinto do fauno sem fauno, fadado
de cavalo de pau, bicicletas de rodinhas
no chão, triciclos de consolas de papel
a última das gerações asa delta de Abel.
cão faminto de tesoura a verso, dedilha
o fio de lismo lírico espinho sem cadilha
uma mosca se amena na cratera craneana
cor rubi, baunilha e coco, todos bebemos
do mesmo copo, raiz hidrófila passional
nas paredes vertebrais do soalho mundo
a alma desatinar no estertor do túnel-íris
e aos engulhos atalhos becos, tudo baratas
tontas de aloé vera pantufas tudo meninos
estufa, transgénicos, de versos higiénicos.


mas ainda assim, poetas do mesmo jardim
mistos bichos e arranjos, balões de soro
de folhagem resistente, somos a pele de Ísis
cacimbando ao levantamento do ouro
arrebiques, berliques e berloques, vozes
tersa, lacerante, angustiante, comediante
a cadência interna do fanatismo palavroso
essa luta obscura ou excêntrica, poema do osso
cântigos, cânones dos quatro cantos do homem
embalando no berço o filho caçula, apropriarão
de tudo o que é vulva a terra sentir, enxotarão
do seu capote confortável, a água da máquina
que nos encarde, que nos confunde com a lama
que por aí anda, e nunca é tarde nem baldada
antes enaltecida por uma alma nunca vencida
de vertigens aos tombos os cascos da evolução
nunca os poetas omitirão no seu papel varão


Hit the road jackass, fit the clouds small mess.




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