quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015
Os meus mortos
e fugi do cemitério
fugi a sete pés correndo
deixando para trás o silêncio
o cinzento do mármore frio
as estátuas de braços fechados
as flores murchas dos vasos
os rostos dos retratos mordidos
as vaidades e as mentiras
dos jazigos até das crianças.
fugi. fugi porque os meus mortos
ainda não conheci.
donde, visitando estranhos
me ocorreu o sentido
dos meus abraçar ainda vivos.
mas na verdade, correndo a eles
nao os encontro em parte
não sei donde ficaram
não sei se me procuram
dos que amo, se os amo não os vejo
e não é porque a luz esteja em falta
ou porque lhes seja distraído
As ausências dos vivos
são como sepulturas abertas
Abertas e feias.
E um eco longínquo me chama,
é a sombra do tampo de madeira
-Quem me fecha?
-Não te recordas?
(ou a serena calma que me resigna)
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