quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
Tear e Atear
a bordo do navio que naufraga
das suas mãos nada se agarra, nada
as braçadas em espirais imensidão
as mãos essas mesmas carrilhão
num vaivém libertador de todo o mal
...deixa-la ir saciada de água e sal
e o coração do homem
agora um novelo sem fio
na surdina dos dias sem restauro
no labirinto
ser ele mesmo minotauro
que de si teceu uma vida insana
de um ódio faminto
esse é o trabalho da aranha
distendendo os músculos na teia
sem dar tréguas ao mastigar do pensar
que um mortal de carne e osso
nunca ele possa atear
e uma tripla aliança se ergue
a fome, a elevação e o excesso
e como que retornada dos calabouços
uma alma mais cristalina
que leis misteriosas regem o universo?
e por todo o sempre que se perca
os labirintos sem teia serão sempre
a sua fiel e amarga Tarefa
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