quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Seria pombo ou cotovia? E isso que importa...



do acordar à oração prisioneira
do bater de asas alguém que parte
lá longe, uma voz que chama
rareando o ar que agora se respira
porque é já quente o dia
de uma verdade nunca crescida

Tenho tanto tempo!
ecoando numa casa simples
onde os vasos se encostam no muro
e as patas acordam os primeiros raios
e os ovos colhidos na algibeira
para nunca chegarem à frigideira

atravessando no devaneio
uma sirene sem estrondo
porque corria atrás de uma cotovia
o menino ficou
debaixo de um comboio
apanhado no fim da linha

e, ainda à tardinha
tudo em desmaios
de luto em marcha o silêncio
violetas, terços, missais
a aldeia reunida nas cancelas

e de noite se abrem as goelas
nas fogueiras e nas tascas
mas que deu no garoto?
estaria surdo, cego ou tonto?
acaso um comboio é do tamanho
de um pombo?
agente sente-os crescer na barriga
e depois de nascer dá nisto
tragédia, miséria...partida
tudo antes da hora, mas que sabemos?
ele é que manda
mas o rapaz morreu tão novo!
ele é que escolhe, quem cá fica
bem sabe, que não é melhor!






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