quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Corrente Vaguista


Serei o motor defensor extremista
da poesia do vago, do vácuo
da total em consciência anarquia lírica
conjugando e acumulando vocábulos
apenas pelo prazer estético sonoro.
E que porra me importo eu
que ninguém entenda,
não soa bem? pois que embale
que deslumbre, que encante
que as palavras só precisem de voz.
Que tudo o resto é, restos de ego,
de pensamento elaborado analítico-tédio
e disso, estou farto.
Daí que defendo, uma poesia de vestuário,
não documentária, não profética, não bélica.
Uma poesia que sirva a voz do poeta,
que com mestria a cante, enaltecendo
unicamente a mente brincando de dicionário
falante.
E que se inventem palavras, meias palavras
verbos e adjectivos hóspedes de um desejo
maior que a estrutura, que o pensamento
que a instituição literatura.
Uma poesia de rua, de sem abrigo
sem rosto, feitio, género ou título.
Uma poesia sem significado,
de deambulação gratuita mas com ritmo.
Que a todos chegue pela imprecisão de querer
chegar.
Uma poesia sem ambição, sem pátria, sem coração.
Uma poesia que pode até nem ser poesia.
Capicua de si mesma sem tragédia, sem estratégia.
Palavras, sem rédea, que combinam ao ouvido
que se rimam sem perigo, sem censura, e ás vezes
mesmo sem rima.
Talvez, uma poesia sem poesia.
Mas vaga. Sempre vasta, abrindo todo o espaço
à palavra.

1 comentário:

  1. Vago então como vem
    como a palavra se prende então a um gancho
    e desliza fonéticamente para outro momento
    e mais movimento, estou vendo.
    Uma poesia de todos os dias,
    de badamerda enquanto aperto o cinto
    e escolho um brinco, como um pingo
    pingo doce plim! assim sim, sinbad the failure
    e por uma ou outra razão, damos as mãos
    em cavalgação, em abraços de míssel e fetiche
    nos descontos de supermercado,
    sei como é MC Santiago, o tempo
    tem tons de cidade espalhados
    em todo o lado
    e dá coceira vasculhar por palavras
    apertar cornetas com as mãozetas
    e chupar canetas Ah! os fonemas...

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