domingo, 4 de janeiro de 2015

Return on investment (ROI)


uma peça a quantas mãos? complexa
as minhas, as tuas e as da boneca
como a rolha que alguém rói
a alta cilindrada, roeu de gana
ou será uma mosca pousando na anca?
tripé pai de santo pé de galo flip falo
ratei buracos que deixei numa parede de zelo
filantropias santerias sangrias desatadas
como se pudesses sê-lo de uma só dentada!
dentes rendilhados trincando fatias douradas
e mesmo que nada se perceba, é o armário
pula da cadeira, apaga a luz e espreita pelo buraco
adivinha qual é a forma de saliva mais pura
balões arcos quadrados pintas e chupa-chupas
da mais carismática bomba atómica hormonal
bato o pé, marco o golo, já me sinto rei do globo
é o jogo do esconde foge, que te apanho no recreio
papá mamã será que posso ser um pombo correio?
o rato roeu-me os sapatos, e descalço dei um tralho
ainda hoje se me entorto é por culpa desse animal
que roubou o papel de cenário, o diálogo e o real
depois disso, foi calejar, como peregrino rastejar
meus medos, quartos negros, mero jogo de azar
cair e levantar,  a teus pés minha deusa de Goa
ai tão boa nossa senhora, capaz de te espousar!
foi casar e divorciar e agora os filhos há que criar
a quatro mãos, e mais as dos avós, e dos vizinhos
que porra de destino! mas a culpa foi do rato
esse animal expatriado de um qualquer buraco
que logo havia de me cair no sapato.


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