quinta-feira, 8 de janeiro de 2015
De outros mundos
Na leitaria que já não as há, era um copo de leite
o peito ardendo de benzina, tudo ideias de merda
só porque esta vida merece sempre outro frame
e as estrelas se deitam em desejos de mijo verde
e vai daí ser consultado, será que estou doente?
sinto-me alienado, mais que isso, deportado
de um qualquer cenário que não me foi destinado
sinto blues, e no balcão me encosto de tantos tus
recusando um lugar cativo, acabo por ser um tipo
de qualquer género, que me importo? o caderno
é onde mil histórias me entornam as memórias
e podia internar-me nas montanhas, mágicas
e podia procurar-me nos palheiros, agulhas
e podia encontrar-me na solidão, em cem anos
e podia candidatar-me ao ministério, do medo
e podia dizer adeus às armas ou ser vinha da ira
e podia ser crime e castigo, laranja mecânica
desassossego, miserável, mensagem, pérola
e podia ser úrsula, madame, prostituta, virgínia
mas no pensamento o badalo de um único sino
frenético-franco: Nós vamos apodrecer cá dentro!
E por isso enfrento gritos, blasfémias, vénias
estremecendo a nudez de guerras de olhos abertos
da corneta a manhã captura a armadilha sedenta
leio em voz alta: à putrefação de uma mente benta!
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