terça-feira, 27 de janeiro de 2015
O escalpe da poesia
esbarrei-me com um mocho
mudo na ideia-mestre do seu posto
da terra do lavradio da insanidade
na dianteira búfalos e veados
dormindo a noite inteira sossegados
mãos à obra o esqueleto é a sobra
colonos no escuro antro da abóbora
ursos e gamos da cordilheira de fora
as grandes campinas ondulantes
savanas finitas, vales e montes desfoco
sem cavalos, mantimentos ou fogueiras
a mente alta e magra a solo
e encolho os ombros, que posso?
ser paciente de um talvez ruído
do chicote o assobio de viral bode
sacudindo a morte do capote
o arrepio que ainda a espinha comove
animal de carga de vazio alforge
levantando acampamento se mente.
mãos à obra portanto. pólvora e chumbo
na brasa do lume nunca aceso, o cume.
peles-vermelhas dançando inflamadas
bruxas, xamãs, feiticeiras, magas,
na cabeça o escalpe da doença.
o monólogo batendo continência
peixe negro fluviando no terreiro
de um absoluto estampido afogamento.
a mim me entortam de loucura
os estalidos dos braços dos domínios
de querer ser som nos vácuos do impossível.
a perseguição das aves de migração intransponível
que nos pousam na viseira, que nos servem
à mesa? o azedume do silêncio do costume.
tenhamos paciência,
o mocho do alto do seu posto
nos espia a natural odiosa incoerência.
Mas que seria da prosa sem a espera,
o momento em que a voz, finalmente, se escuta
e a cabeça do mocho cai redonda, aos pés
de uma linguagem única.
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