quinta-feira, 14 de maio de 2015
a gaiola da fortuna
isolado numa gaiola
que para voar algo tinha que ser livre
as amargas fezes da fortuna
lado a lado com a dose de alpiste
-aquele demónio que ali está
tortuoso chilrear com horror próprio
esse sinónimo de anátema
tocando nas raias da histeria
e cobri-lo com um lençol
assim longe da vista
talvez o demónio se cale
saber que o passado o venceu
morrer de velho e finalmente
mudo.
o carrasco é o lençol
que o mundo é demasiado frágil
a certidão do nascimento é falsa
não nasceste de uma mãe pássaro
brotaste de um buraco extraterreno
e mais teologia que ironia
para exorcizar-te e o bico calar-te
mas mal havias nascido
já o canto era frenético
se não podias apenas sorrir
no silêncio do meu quarto
talvez embalsama-lo
para pendurado imóvel
de cabeça ao contrário
lembrar que o diabo não dorme
que mesmo as coisas mortas
invertidas e silenciosas
querem dizer o seu nome
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário