quarta-feira, 6 de maio de 2015
Levo para o caminho o meu nome
mal começa a rabiar o dia.
ornou-se a cidade deserta e taciturna
sob um véu imutavelmente fino.
uma viagem pela atmosfera insólita
tudo reinando em volta de morte e expectativa
o tremor da terra, abalos físicos reais
do temperamento de querermos fascínio
de sermos inatingíveis no declínio
diabolicamente esse diálogo viagem
sobre os grandes plátanos erguidos
todo o meu corpo é esguio
diabolicamente atingida pelo frio
que a cabeça lá no alto é muralha de
frágil mas antiga e singular nuvem
no complemento de uma rasura
com uma forma tangível e intacta da terra
a raça conhecida na singularidade do espírito
que tão bem reagiria a um acontecimento
brusco da mais violenta das cóleras
de blasfemar em nome de uma alma.
E por um instante mais tarde
orar fervosamente na ladaínha dessa Nossa Vida.
E o incenso para quebrar o cepticismo
os velhos guardando o segredo dos simplórios
carregando em equilíbrio nos ombros´
a íntegra fé dos deuses.
Para dividir em desenfreadas facções
quando alguém mais próximo se vela.
Como montanhas mágicas que se vão
incorporando e evaporando na janela.
O agudo sentido da fraternidade
e o absoluto esquecimento de um só tempo.
Ante a ameaça de um inimigo comum:
a ausência de uma vida para além desta.
E construir ermidas nas costas dessas montanhas.
Cansados e ébrios, imaginar como seria
a subida voluntária.
Ficar imaginando detrás de uma secretária.
Em todas as acções a mesma gravidade:
o amor, o ódio, a inveja, o ciúme, o orgulho, o tédio.
Não há particular destino.
mas mal começa o rabiar do último dia
a extrema antiguidade de tudo
deixa de ter a autoridade
de uma briosa continuidade.
Apenas um ponto. O fim de tudo.
E as montanhas não são mais montanhas,
são campos de luto.
Tudo projecção de um espaço incógnito
e ao mesmo tempo terrivelmente fundo
finito, choroso e para sempre perdido.
Campos de vizinhança, que até aí
arreliava, barulhenta, imposta
acotovelada e agitada. Porta com porta.
Gente que antes nem se conhecia pelo nome
e que agora o nome é tudo o que têm sobre a campa.
Quando estava lá sentia-se exilado.
Formas de paredes apertadas, Partes de si mesmo e
particípio do conjunto.
Foi assim que a encontrou sempre.
Deserta. Mais concretamente deserta por dentro.
Mas à noite abalos de terra voltavam à companhia.
as paredes exteriores dos edifícios incontáveis
memorandos de horas estrondosos.
Ruidosas. Se havia resistido ao primeiro abalo.
Hoje seria o último e à revelia de um abraço à vida
a despedida seria tudo o que levaria.
Mal começa o rabiar da morte
e foi como se a véspera lhe chegasse mais forte.
Na realidade, a gravidade mascarada de um só receio:
O que escreverão sobre a minha campa?
Mas que importa tudo isso sob um véu irremediavelmente fino
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