sábado, 2 de maio de 2015

a maçã



ter bem presente na memória as linhas do rosto
do espírito tocado pelo corpo
pois se não é um hotel
será um hot hell?
que gemem de receios infantis
grandes mãos estendidas ao sol
de vagar algo de nós em possibilidade
como vibrantes cordas que nos excitam
do conhecimento da noite nos aflige
mas que somos senão gravuras?
de nos pormos a folhear ilustrações futuras
tudo avança calmamente ao nosso passo
ao ritmo que o passado nos conhece
e tudo na manhã seguinte se desvanece

e a luta entre a infância e a virilidade
ainda de feições indecisas
essa pálida mistura ideia
que nos obriga a prestar atenção
mas os membros delgados para a corrida
de se querer ser fuga e presença
de se ver sempre respondida a diferença
quando no espelho se espelha
a alma que não se pensa como sua

mas dar-vos asas para quê?
se a terra é demasiado para a cabeça
que toda a espécie de perguntas só nos turva
e essa falta de resposta convalesce-nos
batendo à porta a velha da maçã vermelha
para a errata de uma história mal contada

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