sábado, 2 de maio de 2015
franco trilho
nos vagões do peso constante
momentos obscuros repousam
e do seu apito roufenho
a máquina avisa que está a chegar
é hora de largar alguns passageiros
e da paisagem surgida conquistar devaneios
ter como parceiro deus em purgas
para que a atmosfera de nuvens cancelas
nos deixe seguir em frente
mas se ocultam alguns montes
na agitação do vento o cheiro fresco
na febril impaciência de uma sesta
o tempo inteiro
o tempo doce e acre
tendo como hóspede gente da cidade
e se pergunta:
os cowboys também usam amarelo?
se ao menos um pequeno flirt
do atrito das criaturas a ruptura
e ainda que passageiro
deus se reconhecesse à beira do fim
e abraso-nos esse mistério
o vilão de um faroeste presente
apenas um olhar breve para trás
que os alimenta de momentos indefinidos
momentos sensuais que completam a vida
que vai tropeçando na paisagem
e o vestido de veludo preto acelera
fumando atravessa túneis de corpo
do temperamento de se achar morto
em realidade
os cowboys preferem as cores da terra
mas os cowboys não viajem dentro dele
o vestido elegante que nos atravessa
como um garfo de prata à boca
uma garfada cheia de nada
somos vagão de peso constante
um peso que não pesa na verdade
nos pratos da balança do agarrar
que essa ideia de pesar
é apenas um dia a passar
e do aspecto carrancudo do céu
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